Dossiê Vôlei: a busca continua
José Cruz
Segue a investigação sobre denúncias de irregularidades na CBV (Confederação Brasileira de Vôlei). O trabalho é longo e exige persistência, porque as informações estão escondidas, como convém.
Ironia: o “presidente em exercício'' da CBV é Walter Pitombo Larangeiras, assim mesmo, com “g”, quem sabe para disfarçar de “laranja”, porque, na prática, o presidente de direito continua sendo Ary Graça, apesar de ter vencido a eleição para a Federação Internacional de Vôlei em setembro de 2012, há 17 meses, portanto. Ary Graça poderá entregará a renúncia na assembleia de 14 de março. Ele está à frente da CBV há 16 anos. Entrou no lugar de Carlos Nuzman, que saiu para assumir o COB.
Dossiê
Publiquei ontem que o companheiro Lúcio de Castro havia chegado ao dossiê que contém irregularidades na gestão de Ary Graça. Não é isso. O que ele publicou foi resultado de longa investigação própria, de um trabalho que, como afirmei, está apenas iniciando. E, como disse Lúcio em mensagem que me enviou: “A situação do esporte no Brasil e sua cartolagem é tão dramática que não podemos pensar em glórias individuais, furos.” A partir dessa manifestação e como somos amigos de várias coberturas, pedi a ele para publicar a mensagem que me escreveu.
É oportuno para que o leitor tenha ideia de como é dura essa atividade na busca de informações verdadeira que envolve espertos, políticos e muita verba pública. A luta é desigual e o leitor precisa saber sobre isso, também. A mensagem que recebi é a seguinte:
''Amigo de tantas jornadas olímpicas, coberturas e palestras por aí, mas acima de tudo amigo na convicção de que no nosso ofício, a busca incessante da verdade que alguns querem esconder é condição fundamental. Escrevo para agradecer as palavras em seu blog no UOL. E também para fazer um breve esclarecimento, se possível.
Já há algum tempo venho apurando coisas do vôlei e outras modalidades. Em 2012, está no site da ESPN, pedi acesso à informações sobre contratos da CBV com Ministério do Esporte e Banco do Brasil. Juntando coisas. Há 3 semanas, lendo seu blog, vi que a coisa esquentava e estava prestes a explodir. O título ''Dossiê Vôlei'' não foi dado por mim mas aprovado com louvor, não se referindo especificamente a um dossiê.
Com sua notícia, acelerei. Falei isso na TV. Percorri caminhos habituais de nosso ofício, justiça, cartórios, junta comercial, lei de acesso, Tribunais de Conta, Controladorias, instituições responsáveis por investigações, etc, montando esse quebra-cabeças. Algumas dessas instituições têm investigações em andamento, observando práticas repetidas.
A reportagem publicada, assim como qualquer outra eventual, é fruto disso, como estão nos documentos reproduzidos, com seus pedidos de vista na justiça, cartórios, juntas, etc. Realmente já ouvi sobre o tal ''dossiê'', o que confirma que seu faro de grande repórter está correto. Infelizmente ainda não tive acesso a esses documentos por qualquer fonte, salvo essas públicas listadas acima.
Seria ótimo, mas até em nome do imenso trabalho que dá ser repórter, apurar, cruzar documentos, buscar em diferentes lugares, devo dizer que, por enquanto, não tive esse dossiê na mão.
Mesmo assim dá pra fazer muita coisa, sempre. Boa parte delas estava em processos da justiça. O que me anima a achar que outros meios de imprensa virão nessa história. A situação do esporte no Brasil e sua cartolagem é tão dramática que não podemos pensar em glórias individuais, furos.
Lamento ainda que, existindo realmente o ''dossiê'', não seja divulgado, vazado, por quem quer que seja e tenha ele. Estamos falando de dinheiro oriundo de fontes públicas. Sonegar tais informações estando em poder dela não é o que se espera de quem milita no campo da ética. Faltam Sérgios Macacos no Brasil de hoje. Falta grandeza para que alguns entendam seus deveres como cidadão. Seguimos na luta. Te peço o esclarecimento, se possível.
Abraços, Lúcio de Castro''