O balanço das finanças da Copa
José Cruz
O mais atualizado balanço sobre os gastos do governo federal para a Copa de 2014 está no UOL Esporte, assinado pelo repórter Aiuri Rebello.
Destaco este parágrafo:
“…Somado com os R$ 750 milhões já calculados, chega-se ao valor de R$ 1,6 bilhão de dinheiro do Tesouro Nacional investido em estádios e campos de futebol no ciclo de preparação para o Mundial da Fifa.”
A explicação do governo:
''É missão do Ministério do Esporte fomentar a prática esportiva e aprimorar os equipamentos públicos esportivos em todo o território nacional''.
Memória
Essa manifestação oficial do Ministério do Esporte remete à promessa do então presidente Lula, quando lançou a primeira etapa da matriz de responsabilidade, no Palácio do Itamarati: “Não haverá dinheiro público. Esta será a Copa da iniciativa privada”.
E se ocorre o contrário é porque a presidente Dilma herdou a decisão política de Lula sobre a Copa, e, mesmo sem estrutura, precisou honrá-la. Mas o prejuízo já é evidente a partir de um projeto maior integrado, de governo, para os megaeventos. Não temos isso.
Ilusão
O Ministério não está “aprimorando os equipamentos públicos esportivos”, como diz a nota publicada na reportagem. Antes, está destruindo, como fez com o estádio de atletismo, Célio de Barros, no Rio, e com o Velódromo do Pan 2007.
No caso específico, lembro que estádio de futebol não é espaço público. Quem ali for pagará caro para entrar.
Mais: que time público de peladeiros jogou no Mané Garrincha, por exemplo? Ou no Mineirão? Quanto os clubes profissionais pagarão para ali atuar, depois da Copa? Só isso desmente a nota do governo.
Finalmente:
Os estádios servem a uma modalidade altamente rentável para poucos. Pior: o futebol é uma espetacular máquina de lavagem de dinheiro e é justamente nesse negócio imundo que o governo está colocando verba pública. Verba que poderia atender a projetos sócio-educacionais-esportivos, que não existem mais.