Corrupção no esporte, o triste legado real
José Cruz
Hoje é o último dia para o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, entregar à Autoridade Pública Olímpica (APO) informações para fechar a “matriz de responsabilidade” dos Jogos Olímpicos e Paraolimpicos Rio 2016.
Há quatro anos o TCU (Tribunal de Contas da União) cobra a matriz. O último prazo era 4 de novembro. Coincidentemente, no mês em que o general Fernando Azevedo e Silva assumia a presidência da Autoridade Pública Olímpica.
A matriz de responsabilidade conterá as atribuições financeiras e de gestão dos investimentos para organização dos Jogos. Ou seja, o que compete ao Governo Federal, á Prefeitura do Rio e ao Governo do Estado do Rio de Janeiro. E só depois é que fecharão o orçamento dos Jogos, com custo inicial projetado para R$ 28 bilhões.
Nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007, não tivemos matriz de responsabilidade, e a conta maior foi paga pelo governo federal.
Sete anos depois, continuamos frágeis também na gestão do esporte. Apesar da fartura de recursos financeiros, a partir de 2003, como se isso fosse fundamental para nos tornarmos potência esportiva.
Falhamos no Pan 2007, que deixou o prejuízo como legado. Pior! Não tivemos um projeto para o aproveitamento das instalações esportivas pela comunidade, por estudantes, atletas. O único local onde isso ocorreu, com atraso de três anos, foi no Velódromo. Mas as excelências erraram, e demoliram o Velódromo. Que tal?
Falhamos agora na preparação da Copa do Mundo – outro evento que teve apelo político, prioritariamente, e investimentos públicos que deveriam ser da iniciativa privada.
E ainda estamos sem rumo para os Jogos rio 2016. E é governo federal que está pisando na bola, porque Estado e Município do Rio de Janeiro já cumpriram os prazos no que diz respeito à matriz de responsabilidade.
Parece que, para o governo, quanto pior melhor. Foi assim no Pan, quando deixaram os prazos legais se esgotarem. Aí contrataram obras emergenciais superfaturadas, com pagamentos em dobro e até por serviços que nem sequer foram prestados. Tudo comprovado por auditorias do TCU.
O esporte, lamentavelmente, também contribui para a corrupção oficial, aí sim, o legado real.