Copa 2014: o lucro saiu pela culatra
José Cruz
Enquanto uma equipe do Comitê Olímpico Internacional fiscaliza as obras para os Jogos Rio 2016, a presidente Dilma Rousseff encontra-se hoje com o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Nas duas reuniões há uma preocupação comum: atrasos nas obras e apreensões quanto à reação popular, principalmente depois das manifestações de rua no ano passado.
No Rio, a Autoridade Pública Olímpica cuida das relações entre os três órgãos de governo envolvidos na organização dos Jogos: prefeitura carioca, governo do estado e governo federal. Mas para a Copa, onde está centralizado nosso comando maior? No Ministério do Esporte? E temos lá gente especializada nesse assunto complexo que envolve todos os segmentos do governo e expectativa de invasão de turistas?
Assim, a Copa, que seria um evento para “impulsionar o desenvolvimento e modernidade do país” – como no discurso oficial – tornou-se um pesadelo que se resume a apenas duas frentes agora emergenciais: estádios e aeroportos.
No Palácio do Planalto, “segurança” está na ordem do dia e o governo já se prepara para enfrentar manifestações de rua, em plena realização da Copa.
O alerta avança, agora, para os presídios, de perfil caótico, onde também anunciam rebeliões. Com a imprensa estrangeira aqui instalada, “a maior Copa de todos os tempos” teria repercussão internacional desastrosa, e a bomba estouraria nas mãos de Dilma, em plena campanha pela reeleição.
Apesar do tempo suficiente, a “Copa” foi tratada com festa e euforia, inicialmente, e como questão política, depois. Faltou planejamento, antes de tudo, repetindo os tropeços do Pan 2007, quando o prejuízo caiu na conta federal. Tudo isso ocorre de propósito? Quem sabe… As obras emergenciais e superfaturadas deixam a essa suspeita.
Até aqui, o lucro Brasil saiu pela culatra.