Afinal, quem fatura com o Mané Garrincha?
José Cruz
Por que será que o governo do Distrito Federal não fala mais em “privatização do estádio Mané Garrincha”?
Durante a construção, o governador Agnelo Queiroz disse várias vezes que propostas de empresas se acumulavam sobre a sua mesa. Disse, também, que especialistas elaboravam o edital para regular a privatização, e que esse negócio tiraria do governo o ônus de manutenção do estádio.
Passou o tempo e nada aconteceu. Ninguém mais fala em edital para privatização. Também não se conhece quem é o grande gestor dos eventos que ali se realizam. Oficialmente é o governo do Distrito Federal. Mas quem é o homem da mala? – ou melhor, o cara do caixa?
Quem negocia com clubes ou empresas de espetáculos os preços de aluguel do Mané Garrincha? Quem ganha comissão nessas parcerias? Quanto o GDF já faturou nos eventos ali realizados? Para onde foi o dinheiro de um espaço que é ''público''? Não esquecendo que só a renda de Santos x Flamengo, no ano passado, foi de R$ 6,9 milhões, recorde nacional!
Há algum contrato do GDF com a empresa Golden Goal para que seja ela a gestora do estádio? Em caso positivo, como essa empresa foi escolhida e que critério usaram fora da licitação? Em caso negativo, porque a Golden Goal foi citada em propaganda num dos jogos do Mané Garrincha?
Enfim, o silêncio do governo sobre a privatização, a falta de um edital abrindo prazo para o recebimento de propostas e a obscuridade nas parcerias até aqui realizadas provocam suspeitas de que o estádio esteja a serviço de um grupo de pessoas em detrimento dos interesses públicos.
Afinal, o Mané Garrincha foi construído com verba oficial! Foram R$ 1,4 bilhão que Agnelo deixou de aplicar em áreas prioritárias. E agora, quem é o dono da renda daquele privilegiado espaço?
Somos tão ricos em corrupção, com fatos diários superando os de ontem, que até esquecemos de questionar sobre suspeitas como essa da gestão do Mané Garrincha. Mas está aí um assunto que não pode ficar no passado.