Blog do José Cruz

Governo financia campanha do handebol campeão

José Cruz

De repente, a “pátria de chuteiras” é, também, o país do handebol. Na casa adversária e ginásio todo contra, as mulheres da Seleção de Handebol mostraram o caminho aos marmanjos, nessa modalidade altamente financiada por verbas públicas.

Nos últimos três anos, a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) recebeu R$ 18 milhões, só do Ministério do Esporte; outros R$ 3,3 milhões anuais da Lei Piva, via Comitê Olímpico. Em 2011 e 2012, os patrocínios renderam R$ 4,2 milhões, conforme o balanço da confederação.

O faturamento financeiro cresceu este ano com os patrocínios do Banco do Brasil e dos Correios. Juntas, essas estatais investirão R$ 9,4 milhões no handebol, reforçando o Plano Brasil Medalhas Rio 2016.

Dificuldades

Apesar desses aportes, recentemente a confederação passou por apertos, quando a seleção masculina foi ameaçada de exclusão do Mundial Júnior, por não ter quitado empréstimo de R$ 7 milhões junto à Federação Internacional de Handebol, para organizar o Mundial de 2011.

O evento estava programado para Santa Catarina, que não conseguiu se preparar. São Paulo recebeu os jogos, mas coube à Confederação Brasileira arcar com os gastos. O Ministério do Esporte entrou em quadra, a dívida internacional foi paga e tudo ficou resolvido.

Os recursos financeiros são aplicados tanto na preparação das seleções adultas quanto nas categorias menores, repetindo-se a estratégia do vôlei, que aposta na formação de jovens para renovações constantes. Isso está claro no site da confederação

Cartola

O interessante nessa conquista do Mundial feminino é que o presidente da Confederação, Manuel Luiz Oliveira, está há 23 anos no poder. Perde só para Coaracy Nunes, dos Deportos Aquáticos, 25 anos no cargo. Agora, com o título mundial, Manuel Luiz contradiz a tese de que a longevidade dos mandatos não dá em nada. Faz sentido, mas é conversa para outro dia.

Gestão à parte, das sete jogadoras da Seleção, seis jogam em equipes europeias, todas titulares (Jéssica joga em Blumenau). Ou seja, estão integradas ao fortíssimo e competitivo circuito europeu. Além disso, a Seleção é comandada pelo dinamarquês Morten Souback, que figura entre os melhores do mundo.

Fundada em 1979, a Confederação de Hanbebol teve apenas três presidentes. Coincidentemente, todos ex-professores de educação física com formação em técnicas de handebol. E, ao contrário de outras modalidades, é na escola onde essa modalidade é mais praticada. Resultado: da massificação saem os destaques que avançam para as competições nacionais, a partir da categoria sub-12, até chegar à infantil, cadete, juvenil e adulto.

Pois é. Apesar da falta de uma política de esporte, mas com cofre aberto e sem limites de gastos, somos capazes de conquistar o mundo em modalidades até então dominada pelas europeias. Quem diria! Ah, essas mulheres!