Futebol, políticos e cocaína
José Cruz
O companheiro Moacir Oliveira, o Moa, experiente jornalista aqui em Brasília, lembrou que o escândalo do ex-ministro do Esporte, Orlando Silva – que pagou uma tapioca (R$8,00) com cartão de crédito do governo – repercutiu várias semanas na imprensa.
Mas o transporte de 443 quilos de cocaína no helicóptero do senador Zezé Perrella (PDT/MG) segurou apenas dois dias de noticiário.
Motivado pela “bronca” de Moa volto ao assunto. Até porque, há indícios de um escândalo digno de mafiosos, envolvendo um senador ligado ao futebol. Zezé Perrella já foi presidente do Cruzeiro. Hoje, ele ajuda a derrubar no Senado pedidos de CPIs para investigar falcatruas de cartolas.
O “heliPÓptero”, como diz, Zé Simão, é do senador e inclusive a gasolina que consome é paga com verba de gabinete, ou seja, dinheiro do contribuinte, como divulgou a imprensa mineira.
O deputado estadual Gustavo Perrella, filho de Zezé, trocou mensagens por telefone com o piloto Rogério Almeida Antunes, que era empregado de seu gabinete, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Mas Gustavo pensava que o piloto transportava ''insumos agrícolas'' e não droga da pesada!
A polícia tem 11 celulares apreendidos na operação, cuja quebra de sigilos pode mostrar que pai e filho foram iludidos pelo empregado. Ou não.
Passado
Como lembrou um jornal de Belo Horizonte, Zezé Perrella já foi indiciado por lavagem de dinheiro na venda do zagueiro Luizão, em 2003. Além disso, dois inquéritos, na Polícia Federal e no Ministério Público de Minas, investigam ocultação de patrimônio.
Agora vem o transporte de cocaína. Estaria o helicóptero a serviço de uma quadrilha sem que os Perrella soubessem? Estaria o piloto usando a aeronave porque político é gente séria (ops, há controvérsias…) e ninguém desconfiaria do crime?
Futebol, onde Zezé atua com desenvoltura, e drogas são segmentos afins altamente suspeitos e com casos comprovados de corrupção, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas, contrabando de drogas, etc. As duas CPIs do Futebol, na Câmara e no Senado mostraram exatamente isso, inclusive com envolvimento de vários políticos à época, 2001. Deu em nada, claro.
Enquanto isso…
… os Perrella, pai e filho, intimamente envolvidos com o patrimônio (o helicóptero) e com o agente (o piloto) do escândalo, continuam com seus mandatos parlamentares. Continuam tomando decisões “democráticas em nome do povo”.
Que tal?