Copa 2014: o legado das “sobras”
José Cruz
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, anunciou que as “sobras” da obra do estádio Mané Garrincha serão usadas na construção de 10 escolas.
A notícia, na TV Bandeirante, valorizou o reaproveitamento de material que “sobrou”, como se isso fosse algo inédito. Mas o repórter ignorou a prioridade do governo, destinando R$ 1,7 milhão na construção o estádio “padrão Fifa” e a crônica carência de espaços para o ensino de crianças e jovens da capital da República.
A estupidez desse contraste nos remete ao início deste ano, quando o mesmo governador Agnelo retirou R$ 100 milhões dos orçamentos da Educação, Saúde e Segurança para pagar contas bilionárias do futebol, curvando-se às exigências da poderosa Fifa, que projeta lucro de US$ 4 bilhões na Copa 2014.
Na mesma reportagem da Band, a diretora de uma escola em Samambaia – onde serão construídas as “escolas das sobras” – disse estar feliz com a notícia, pois não é mais possível dar aulas para crianças em ambientes apertados, sem conforto e abafados. Faltou dizer com “pouca higiene”.
Esta é realidade da degradação do ensino público: a prioridade é o futebol, o lazer, o show o espetáculo de um esporte que já foi popular. Para a educação dos jovens ficam reservadas as “sobras” …