Braços cruzados: o protesto que desafia a CBF
José Cruz
Depois dos agitados protestos de rua o movimento ganha nova dimensão, agora nos campos de futebol, pacificamente. Literalmente, nos gramados.
Espetacular as imagens dos sete jogos de ontem, com os jogadores cruzando os braços, logo após o apito para a bola rolar. A CBF, via arbitragem, foi ignorada no seu poder.
O protesto foi rápido e simbólico, mas de alerta. Algo como “não estamos brincando. Não estamos dispostos à ditadura dos cartolas e ao ganho fácil às nossas custas.”
Enfim, vem dos gramados a imagem que deveria se repetir nas pistas de atletismo, nas raias de natação, nas quadras de tênis, de vôlei, do basquete… Será?
Individualmente, o atleta é ameaçado. Em conjunto, a força é desigual. E sem ele, o atleta, não há competição. Sem ele não há torneio, disputa, campeonato, nada! A organização do esporte ficaria falida sem esse elemento fundamental, indispensável, a razão de ser de um evento esportivo. E a cartolagem ficaria sem saída.
A desordem administrativa-financeira no nosso esporte é vergonhosa. As facilidades que o próprio governo oferece para o ganho fácil, para o desvio da verba pública, para o enriquecimento ilícito de muitos são explícitas. A começar pela liberação facilitada da grana até a total ausência de fiscalização de seu uso ou do cumprimento do projeto.
É nesse contexto que atua o atleta que, muitas vezes sem saber, é explorado. E tem seu nome, inclusive, usado para a captação de recursos que nem sempre o beneficiam.
Agora, a categoria se une a partir do futebol. Une-se e protesta, silenciosa e ordeiramente, com coragem incomum de desafiar os poderosos do futebol.
Quem sabe, a grande reforma no esporte esteja começando nos gramados do futebol. De baixo para cima, imposta!
Em tempo
Parabéns aos torcedores do Cruzeiro. Que campanha! Que conquista!
E aos mineiros, por extensão, com os dois de seus principais clubes dominando os campeonatos.