Blog do José Cruz

Arquivo : outubro 2013

Estádios da Copa consomem o dobro das obras do Rio São Francisco
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José Cruz

Os R$ 7,1 bilhões previstos na Matriz de Responsabilidade para construir 12 estádios para a Copa do Mundo são quase o dobro dos R$ 4,2 bilhões que o governo aplicou em oito anos na transposição do rio São Francisco, gigantesca obra projetada para beneficiar oito milhões de pessoas, em quatro estados.

Os valores, apurados por Gil Catello Branco, da Associação Contas Abertas, demonstram que em apenas dois anos as prioridades do futebol em 12 capitais superaram históricas promessas de ações sociais e de interesse da população nordestina.

“Os ganhos com a transposição do rio São Francisco são infinitamente superiores aos resultados que teremos com elefantes brancos para sediar jogos da Copa do Mundo”, disse Castello Branco.

O estádio de Manaus, por exemplo, com capacidade para 44 mil pessoas e orçado em R$ 1,02 bilhão, receberá apenas quatro jogos da Copa 2014, e é um dos “elefantes” previstos para o pós-Copa.

Saneamento

Gil faz outra comparação, desta vez com um dos setores de maior carência no país, o saneamento básico, que atende apenas 57% da população brasileira.

“Nos últimos 12 anos, o governo federal destinou 9,8 bilhões para obras de saneamento. São irrisórios R$ 2,7 bilhões a mais do que está sendo aplicado na construção dos estádios, em apenas quatro anos”.

O polêmico projeto do trem bala, ligando Rio a São Paulo, também entra no rol das comparações.

Orçado em R$ 38 bilhões, o trem bala custará quatro vezes mais que o aplicado pelo governo federal em saneamento, nos últimos 12 anos – três mandatos presidenciais.

“Esses valores refletem as políticas públicas e as prioridades dos governos para o país. E observamos que as políticas para a saúde estão muito atrasadas, apesar de o discurso oficial considerá-las prioridades”, afirmou Gil Castello Branco.

Orçamento

Essa realidade repete-se na proposta orçamentária para 2014, encaminhada ao Congresso Nacional. A previsão de investimentos públicos para a saúde está sem sexto lugar, com R$ 5,3 bilhões. Os três primeiros dessa lista são Transportes (R$ 15,3 bilhões), Educação (R$ 12,3 bi) e Ministério da Defesa (R$ 8,4 bi). Transporte e Defesa são setores intimamente vinculados aos compromissos de governo para receber o Mundial de Futebol.


O basquete pelas tabelas
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José Cruz

Finalmente, o presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Carlos Nunes, falou. E confirmou: são reais todas as denúncias que se faz há dois anos sobre a precária e temerosa gestão que ele realiza.

Com o hábito de fugir da imprensa, desta vez Carlos Nunes atendeu aos repórteres Daniel Neves, do UOL, e Fábio Balassiano, que persegue este assunto, com fôlego. A  matéria foi publicada no Blog Bala na Cesta e faço questão de reproduzir porque confirmam as suspeitas que também publico há dois anos.

Com potencial para ter um grande campeonato, atrativo, com imagens comercialmente valorizadas e por isso rentável para a CBB, o basquete está pelas tabelas

A CBB está falida, segundo seus dois últimos balanços anuais. Deu calote no Banco Itaú e só renegociou o débito de mais de R$ 2 milhões ao ser cobrado judicialmente!

Mas fica uma questão: quem paga o empréstimo, os juros e as multas bancárias? O dinheiro público repassado pelo Ministério do Esporte, inclusive? R$ 14 milhões só este ano…

Enfim, confirme a confissão que Balassiano arrancou de Carlos Nunes. É um testemunho oficial e, por isso, valioso para demonstrar nas mãos de quem está o nosso basquete.


Alto rendimento: “apoio e reconhecimento”
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José Cruz

Com licença, Erich Beting, repercutir teu blog e opinar sobre o assunto que abordas, pra lá de oportuno e que precisa estar na pauta de debates dos atlets, técnicos, dirigentes etc.

Não há dúvidas que o campeoníssimo Arthur Zanetti está com sua carreira profissional bem encaminhada.

Por isso, quando ele fala em “mais apoio” ou “mais reconhecimento”  deve estar se referindo aos que vêm atrás, aos que ainda não têm a estrutura que ele alcançou, com muito custo. Isso é real na maioria das modalidades, olímpicas ou não. Quando ele retornou dos Jogos Olímpicos lamentou que um medalhista de ouro tivesse colegas treinando em condições precárias.

Há algum tempo defendo que o esporte de alto rendimento não precisa de  “apoio”. Isso é passado. Precisamos de investimentos sólidos, de longo prazo, com planejamento eficiente e avaliações periódicas para atrair mais parceiros. O vôlei faz isso. E o judô, mais recentemente, entrou nessa escola.

No geral, as estatais que investem no marketing esportivo não são exigentes quanto aos investimentos na base, como Zanetti já reclamou. Representantes de algumas dessas empresas me garantiram que os contratos de parcerias com as confederações não fixam percentuais para a destinação de recursos à iniciação, à formação de novos talentos. Isso ocorre também com boa parte da verba da Lei Piva, que surgiu em 2001.  

Desde então, e principalmente a partir de 2003, com a criação do Ministério do Esporte, os clubes formadores têm acesso a milionários recursos da Lei de Incentivo. O COB e as confederações recebem “doações” de variadas fontes. Os atletas de destaque internacional têm valorizados patrocínios e  Bolsa Atleta de valor expressivo.

Assim, Erich Beting toca num assunto que não estamos acostumados discutir. Dirigentes, técnicos e atletas em geral falam em “apoio”. Mas enquanto o esporte de alto rendimento passou a contar com mais e mais verbas, a gestão do esporte patinou. Intencionalmente? É outro debate.


Rio 2016: o que espera pelo general
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José Cruz

Quando assumir a presidência do consórcio da Autoridade Pública Olímpica (APO), em 16 de outubro, o general Fernando Azevedo e Silva, terá apenas duas semanas para encaminhar ao Tribunal de Contas da União (TCU) a matriz responsabilidade, onde estarão os compromissos das três esferas de governo –  federal, estadual e municipal –  na organização dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Na sessão desta terça-feira, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal confirmou que sabatinará na próxima semana – 15 de outubro –  Fernando Azevedo Silva, indicado pelo Palácio do Planalto.

Recado

O general chegará à sede da APO, no Rio, com a orientação de Dilma Rousseff para evitar contratações políticas. A prioridade é ter na equipe profissionais com perfis técnicos, como na gestão do ex-presidente Márcio Fortes, que se demitiu do cargo há dois meses.

Na prática, o general não partirá da estaca zero em sua jornada de quatro anos. O presidente interino da APO, Elcione Diniz Macedo, manteve o trabalho da equipe, apesar das omissões impostas principalmente pelos governos do Rio – estado e município.

Ex-técnico da Secretaria Executiva do Conselho das Cidades, Elcione já acompanhou projetos das áreas de mobilidade, sustentabilidade e infraestrutura, justamente os setores que o TCU mais tem criticado, pela  falta de definições dos projetos.

Esvaziamento

Na prática, a APO passou por processo de “esvaziamento no seu papel de coordenação”, como revelou o TCU. Recentemente, o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito Eduardo Paes afirmaram que era desnecessária a atuação da Autoridade Pública Olímpica. A proposta é um risco para o desperdício do dinheiro público e incentivo à corrupção na execução das centenas de projetos para os Jogos.

Esses desencontros políticos-institucionais explicam a baixa execução orçamentária para os Jogos: apenas 5% do orçamento foi aplicado em três anos, entre 2010 e 2013.

E agora, com ordem unida, vai?


Vergonho$o convite
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José Cruz

Os companheiros Daniel Neves e Fábio Balassiano informam que da TV Globo poderá pagar o “convite” para que a Seleção de Basquete masculino participe do Mundial do ano que vem, na Espanha. A equipe não se classificou nas seletivas.

Memória

Depois de 16 edições, em meio século e seis anos de disputas (a primeira edição foi em 1954 e a última em 2010), pela primeira vez o Brasil está fora de um Mundial Adulto de Basquete masculino pelo critério de classificação jogada.  Vergonho$o convite…

Enquanto isso…

Só este ano, a Confederação de Basquete, presidida por Carlos Nunes, que agora passa o chapeu para colocar a Seleção em quadra, recebeu R$ 14,8 milhões do Ministério do Esporte.

Mais R$ 3 milhões da Lei Piva. E ainda tem o patrocínio da Eletrobras (foram R$ 10 milhões em 2012).

Enquanto isso…

Em junho de 2012, a Seleção masculina terminou o “fortíssimo” Campeonato Sul-Americano masculino na quarta colocação, perdendo a medalha de bronze para o poderoso Uruguai (de quem não perdia há 21 anos). Com esse desempenho, classificou-se para a Copa América na bacia das almas, com a quarta e última vaga

Agosto de 2013:

O Brasil perdeu todas as partidas (quatro) e foi eliminado, ainda na primeira fase, da Copa América. O torneio era classificatório à Copa do Mundo 2014. A Seleção voltou a perder para o Uruguai e para a “poderosa” Jamaica.

Outubro de 2013:

Por falta de massificação e de políticas públicas para o esporte em geral, nosso basquete está pelas tabelas.

Mesmo jogando em casa, o Pinheiros perdeu as duas partidas para o Olympiacos da Grécia pela Copa Intercontinental, que conquistou o título.

Finalmente:

confira este comentário de Balassiano, um especialista no assunto.


COPA 2014: farra de R$ 2,8 milhões no DF provoca ação do Ministério Público
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José Cruz

Na falta de transparência nos gastos públicos com a Copa do Mundo, em Brasília, o repórter  do UOL Esporte, Aiuri Rebello, manteve-se atento ao desdobramento de um assunto que ele levantou no primeiro semestre:  a compra de ingressos pelo governo do Distrito Federal, para o jogo de abertura da Copa das Confederações, no estádio Mané Garrincha.

O custo da farra foi de R$ 2,8 milhões,  em ingressos e camarote VIP, “gentileza” do governador Agnelo Queiroz com verba pública para agradar amigos e autoridades influentes nos poderes da República.

Agora, o Ministério Público do DF entrará na Justiça com Ação Civil Pública por improbidade administrativa contra funcionários que autorizaram a festa milionária. O governador vai se salvar dessa, claro.

Confira a reportagem:

http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2013/10/07/mp-entra-com-acao-em-brasilia-em-caso-de-lista-vip-na-confederacoes.htm


Fora de finais no Mundial, ginástica feminina retrocede 16 anos
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José Cruz

O título de Arthur Zanetti no Mundial da Antuérpia revela que o ouro olímpico não foi por acaso nem resultado isolado na histórica carreira que constroi.

Zanetti repete na ginástica “fenômenos” do atletismo, como os distantes títulos de Adhemar Ferreira da Silva ou o de Joaquim Cruz;  o tenista Gustavo Kuerten; Yane Marques, do pentatlo, ou o nadador Cesar Cielo, e alguns outros, todos vitoriosos e sem contar com verbas públicas.

Esses resultados que orgulharam o esporte nacional não foram aproveitados para estruturar as modalidades, capaz de inspirar o surgimento de novos nomes. Houve massificação em algum deles?

Exemplo

No Mundial de Ginástica da Antuérpia, encerrado no domingo, pela primeira vez em 16 anos nossa delegação feminina ficou fora de uma final, apesar dos recursos recebidos pela Confederação Brasileira de Ginástica: R$ 11 milhões, só do Ministério do Esporte, entre 2011 e 2013. E ainda há os recursos da Lei Piva e da patrocinadora oficial, Caixa Econômica. Não há previsão para investimentos nas categorias de base?

Essa ausência de mulheres em provas finais fez a modalidade retroceder 16 anos  – ou quatro ciclos olímpicos. Em 1997 foi a última vez que elas ficaram fora de finais individual geral ou por aparelho, em Mundiais.

Em recente reportagem na Folha de S.Paulo, o supervisor de seleções da Confederação de Ginástica, Klayler Mourthé, disse que falta verba para atender as categorias de base.

“Entendemos que essas categorias são importantes, mas temos que priorizar, já que não temos orçamento suficiente para atender a todos”, disse Klayler ao repórter Paulo Roberto Conde.

Está explicado o fracasso feminino.

Para saber mais:

http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2013/09/1344615-confederacao-de-ginastica-diz-nao-ter-verba-para-pagar-despesas-de-viagem.shtml

http://albertomurray.wordpress.com/2013/09/21/confederacao-brasileira-de-ginastica-nao-apoia-categorias-de-base/


Corinthians tem plano para “enterro completo”
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José Cruz

Enquanto os torcedores corintianos discutem sobre a queda de rendimento do time na temporada, a direção do clube campeão do mundo fez uma parceria para vender “plano para defuntos”!

Isso mesmo.

Espécie de negócio macabro, o tal “plano promete personalizar enterros com motivos corintianos, do começo ao fim. Da coroa de flores ao vestuário.” É o seguro funeral !!! Serviço de qualidade, de primeiro mundo para quem vai para o outro…

Duvida? leia o seguinte:

Plano Personalizado já faz sucesso

“O Sport Club Corinthians Paulista, em parceria com o Grupo Memorial, lançou mês passado o plano “Corinthians para Sempre”, no qual é possível personalizar uma cerimônia funerária do começo ao fim. Desde a coroa de flores até o vestuário, por exemplo, poderão ser voltados para os desejos e vontades do corinthiano. Até agora mais de 40 torcedores já adquiriram o seguro do timão.”

Pode até render uma graninha a mais para o cofre do clube, mas esse negócio de misturar morte com futebol…. sei não…

Os interessados em assuntos do além podem conferir aqui


A cartada extrema de Dilma
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José Cruz

A indicação do general Fernando Azevedo e Silva para presidir o consórcio da Autoridade Pública Olímpica é, também, resposta do governo ao fracassado sistema político-esportivo, há dez anos nas mãos do PCdoB.

O resultado é desastroso. Há acúmulos de processos revelando corrupção em vários projetos. Há omissão na fiscalização do dinheiro ali liberado, incentivando desmandos por parte dos executores. Há suspeitas de fraudes, ainda sob investigação, que favoreceram espertos de ocasião, manchando a sigla do PCdoB e entristecendo históricos do partido, como o próprio ministro Aldo Rebelo.

E é esse flagelo da gestão política-esportiva e o desastre nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro que  colocam em risco eventos olímpicos e paraolímpicos, principalmente.

Dilma deve ter sido alertada de que a três anos dos Jogos não temos orçamento nem matriz de responsabilidade. Não se sabe quanto será gasto nem o que compete a quem. Pior: temos um presidente olímpico, Carlos Nuzman, que por vaidade não divide cargos, acumulando responsabilidades e provocando desconfianças maiores.

Pode parecer estranho que, vítima do sistema militar, que no passado lhe impôs a dor e a humilhação, Dilma se socorra, agora, dessa estrutura institucional, e entregue a um general a responsabilidade de tentar promover o entendimento entre os parceiros políticos, os governos do Estado do Rio de Janeiro e da Prefeitura do Rio. A diferença é que o general e a instituição militar de hoje estão integrados à ordem democrática do país, o que sugere confiança do Palácio do Planalto.

Lamentavelmente, as instituições desportivas estão falidas, desarticuladas, dependentes do dinheiro público e sem exibir resultados animadores.

Não há entrosamento institucional, porque o próprio Comitê Olímpico Brasileiro não aproximou as confederações, federações e clubes. Isolou-se na elite dos dirigentes poderosos. E o Ministério do Esporte falhou em sua missão.

Diante desse quadro, a chegada do general é evidente intervenção do Palácio do Planalto nas instituições esportivas, ministerial, inclusive.  Porque, a realização  dos eventos  foi assumido pelo governo federal. Está claro: Dilma quer honrar esse compromisso e evitar prejuízos ao governo, ao país e à sua própria imagem.