Confederação de Tênis: caso de polícia?
José Cruz
A reportagem que o UOL Esporte publica, sobre a reprovação de prestação de contas da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) sugere investigação mais ampla e rigorosa dos órgãos de fiscalização, nessa e em outras entidades do gênero.
Ao ter a prestação de contas de R$ 600 mil reprovadas pelo Ministério do Esporte, o presidente da CBT escancarou a fraude. Usou notas fiscais que não correspondem à realidade do gasto. E, sem sabermos qual foi o destino do dinheiro oficial, a falcatrua tornou-se explícita. Caso de polícia?
Jorge Rosa chegou à presidência da CBT prometendo “moralizar” a gestão do tênis e ser exemplo para o esporte. Com discurso de “transparência” ganhou apoios valiosos. Atletas, entre eles Gustavo Kuerten, e técnicos, como Larry Passos, alinharam-se à proposta de “novos tempos” para tênis nacional.
Mas, logo no início, o cartola usou seis contas laranjas do Instituto Tênis para movimentar recursos da Confederação. A operação tornou-se suspeita pelo “topspin” – jogada de efeito, no tênis – que Jorge aplicou na legislação financeira. Quem fiscalizou essas operações? TCU? CGU, Ministério Público ou o Ministério do Esporte? Ninguém.
Nos primeiros meses, Jorge Rosa atualizou a norma de reeleição, limitando o prazo da diretoria a dois mandatos. Mas, ao encerrar oito anos de gestão, o dirigente rasgou a decisão e voltou ao sistema antigo. Incorporou-se à perpetuação da cartolagem, caiu no lugar comum, desmoralizou seu próprio discurso e perdeu credibilidade de muitos.
Ainda carece de explicações públicas o lançamento de “títulos de capitalização”, cuja arrecadação é dirigida à Confederação de Tênis. Além de iludir o comprador-apostador, que não capitaliza coisa alguma, tal recurso de aposta é ilegal perante a legislação brasileira.
Há 13 anos o governo proibiu a atividade de bingos permanente, eventual ou qualquer outra modalidade de exploração de jogos de azar por entidades esportiva ou particular. Apenas a Caixa Econômica tem autoridade para realizar tais sorteios
Sobre os recursos da Lei de Incentivo à Confederação de Tênis, é preciso reconhecer que o Ministério do Esporte agiu rápido ao receber a denúncia.
Mas, o que ocorrerá agora? O Ministério determinará a devolução do dinheiro que Jorge Rosa usou de forma contrária à proposta? E o gestor se tornará apto ao recebimento de novos recursos públicos?
Para os auditores do Ministério do Esporte, Jorge Rosa “geriu de forma temerária os recursos do projeto, comprometendo a probidade de seus atos, sendo digna de apuração por parte dos órgãos competentes quanto ás infrações às legislações no âmbito civil e criminal”.
Teremos esse desdobramento?