Coaracy Nunes prepara o seu sexto mandato. Ditadura dos cartolas se consolida diante da omissão do governo
José Cruz
Manchete de Jéssica Raphaela no Correio Braziliense deste domingo diz que a natação brasileira está “Mergulhada na crise”.
Faz sentido.
Num país onde clubes como o Flamengo acabam com a equipe de natação por falta de dinheiro; onde piscinas são destruídas ou abandonadas, em pleno período de preparação aos Jogos Olímpicos, com certeza é um esporte em crise.
São contrastes e incoerências fáceis de entender: faltam comandos integrados, apesar de termos um Ministério do Esporte…
Enquanto isso…
O presidente da Confederação de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes, será reeleito em março para o seu sexto mandato. Intocável há 24 anos. Começou a carreira de cartola em 1988.
A crise na natação é , também, institucional. Coaracy afirmou à repórter Jéssica Raphaela, do Correio, que disputará sozinho por falta de concorrente.
Não é verdade. Julian Romero manifestou-se candidato à eleição de março, mas teve sua chapa impugnada porque não apresentou o apoio de cinco presidentes de federações, exigência que é agressão à democracia.
Essa exigência, que está no estatuto de muitas entidades esportivas, é um golpe nas pretensões de quem busca a disputa limpa para se tornar dirigente pelo voto.
Essa exigência é recurso casuístico para os cartolas se perpetuarem, como se não houvesse inteligência além de suas cabeças. Carlos Nuzman que o diga.
Essa exigência de cinco apoios para registrar uma chapa é ameaça de retaliação aos presidentes de federações, pois inibe que se manifestem contrários aos donos do cheque e da caneta que sustentam tais federações com muito dinheiro público. É o Estado financiando a ditadura dos cartolas
O longo prazo dos dirigentes no mesmo cargo provoca o desprezo às bases. Cria o sentimento de que o dirigente é o dono, o proprietário do que dirige, acostuma-se aos erros e isso dificulta a luta contra a corrupção. Dirigente é uma função e não uma propriedade,” disse o senador senador Cristovam Buarque, em audiência pública sobre gestão esportiva, em novembro último.
Ditadura do esporte
“Vou me aposentar depois da Olimpíada no Rio”, afirmou Coaracy na conversa que tivemos na segunda-feira, em Brasília.
A mesma coisa Coaracy Nunes me disse no distante 2000, nos Jogos de Sydney. Seria sua última olimpíada. Chegou a anunciar que Gustavo Borges seria seu sucessor. Há 13 anos…
Na política, essa prátia é exemplar. Os irmãos Castro estão no poder há 54 anos…
Ontem, Raul anunciou que deixará o cargo. Em 2018…