Bolsa-Atleta sob suspeita de concessões ilegais
José Cruz
Depois dos escândalos de corrupção com o Segundo Tempo e Pintando a Cidadania, na época do então ministro Orlando Silva, agora é o programa Bolsa-Atleta que está sob suspeitas de irregularidades no Ministério do Esporte.
Denúncias de fraudes em documentos com resultados internacionais reforçam observações do Tribunal de Contas da União que, em 2010, observou falta de fiscalização do programa e bolsas concedidas ilegalmente.
Entenda o caso
Para a concessão de Bolsa Internacional 2013, a Confederação Brasileira de Badminton indicou que valeriam os resultados de uma competição no Suriname, em 2011, que seria o “Campeonato Pan-Americano” da modalidade.
“Não houve Campeonato Pan-Americano pela categoria principal (adulta) em 2011, pois foi o ano do Pan-Americano de Guadalajara. No Badminton, em 2011, só realizaram o Pan-Americano Júnior, que foi na Jamaica”, escreveu o pai de um atleta.
De fato, o site da Confederação Pan-Americana de Badminton não registra essa competição. O Sul-Americano foi realizado em 2010, em Medellin, mas cujos resultados não valiam para a bolsa deste ano.
Mesmo assim, 11 brasileiros estão contemplados com Bolsa Internacional, de R$ 1.850,00 mensais.
Consultei a Confederação de Badminton sobre o assunto, mas não obtive retorno.
Mais:
Outra mensagem de atleta da modalidade detalha sobre o mesmo assunto:
“No badminton, em 2011 (ano referência para esta Bolsa Atleta), ano dos Jogos Pan-americanos em Guadalajara, o único resultado relevante e com todos os méritos foi obtido pelo Daniel Paiola, com um terceiro lugar em Simples Masculino (medalha de bronze) e fim. Nenhum outro atleta conseguiu resultado! Ele é o único atleta brasileiro de badminton que teria direito realmente a Bolsa Atleta Internacional Categoria. Principal.”
No entanto, 11 atletas se credenciaram com resultados internacionais, sendo quatro deles com o título de campeões, três com o vice-campeonato e quatro com terceiro lugar.
“Isto quer dizer que esses atletas do badminton conseguiram classificação na categoria principal (adulto) em 2011 de 1º a 3º lugares em algum Campeonato Mundial, Pan-americano ou Sul-americano, certo? Onde foi isso?”
Alerta
Consultei o Ministério do Esporte e a resposta foi que cada confederação elege os eventos internacionais para a concessão de bolsa. Tudo bem, mas há fiscalização sobre esses calendários?
Em 2010, o Tribunal de Contas da União fez uma auditoria na Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte.
No programa Bolsa Atleta identificou falta de fiscalização, alertando que isso poderia motivar fraudes na apresentação de documentos.
Numa pesquisa aleatória realizada pelos auditores do TCU junto a 554 atletas, constataram que 35 deles estavam fora de competição. Mas eram bolsistas!
Que tal?