Blog do José Cruz

Arquivo : janeiro 2013

Palácio do Planalto atrasa uso de R$ 62 milhões para novos atletas
Comentários Comente

José Cruz

Enquanto no Rio de Janeiro destroem o estádio de atletismo Célio de Barros e o Parque Aquático Júlio de Lamare, desalojando centenas de atletas, em Brasília o Palácio do Planalto segura a regulamentação da Lei Pelé (nº 9.615/98).

Resultado: até agora, R$ 62 milhões para a formação de novos competidores estão bloqueados.

É o projeto olímpico 2016…

Entenda o caso

O dinheiro que está bloqueado vem das loterias federais e é destinado à Confederação Brasileira de Clubes (CBC), repassado pelo Ministério do Esporte.

Os critérios para aplicar essa verba estão na regulamentação da Lei Pelé (nº 9.615/98) que  espera pela sanção da presidente Dilma Rousseff. desde 2011… A regulamentação sairá em forma de decreto-lei.

Como será

O uso desses recursos será nos moldes da Lei Piva, inclusive com a destinação de    5% ao desporto universitário; 10% ao desporto escolar e 10% ao paraolimpismo.

O dinheiro  tem aplicação específica para a formação de novos talentos, conforme o parágrafo 10 do artigo 56 da Lei Pelé:

Os recursos financeiros de que trata o inciso VIII serão repassados à Confederação Brasileira de Clubes e destinados única e exclusivamente para a formação de atletas olímpicos e paraolímpicos”.

Em um ano – até dezembro último –, a CBC acumulava recebimentos de R$ 62 milhões. O dinheiro está depositado em conta-poupança aguardando a edição do decreto-lei.

Os clubes interessados em formar atletas apresentarão seus projetos à CBC para aprovação ou não.

Análise

Este episódio é mais um que demonstra a falta de rumos para o nosso esporte e comprova a total ausência de uma política de esportes.

O ministro Aldo Rebelo faz planos para ganharmos medalhas nos Jogos de 2016, mas não se manifesta sobre a destruição de estádios nem se explica sobre o dinheiro disponível para formar atletas, mas sem uso efetivo devido á burocracia palaciana. Quem entende?

O Brasil tem milhares de clubes. Só os centenários são 186! A maioria com ótimas instalações esportivas, mas, muitas, ociosas por falta de incentivos como esses que a CBC vai gerenciar.

O desperdício desses recursos físicos é evidente. Há anos.

Mas somos um país olímpico…

Definitivamente, assim não vai!


Dinheiro do esporte olímpico: cada um por si
Comentários Comente

José Cruz

Encaminhei à Confederação de Desportos Aquáticos (CBDA) pedido de esclarecimento sobre o uso dos R$ 158 milhões de patrocínios dos Correios, assunto que tratei na semana passada.

Em seguida, o presidente Coaracy Nunes me telefonou avisando que enviaria as informações e tudo o mais que pudesse para que não ficassem dúvidas sobre o bom uso do dinheiro.

Mas por que essas informações não estão na Internet, na página da CBDA para que toda a comunidade conheça sobre o assunto? Transparência é por aí.

Pesquisa

Além do patrocínio dos Correios, a CBDA recebeu R$ 13 milhões da Lei de Incentivo ao Esporte,  entre 2009 e 2012, segundo o Ministério do Esporte.

Os relatórios de “cumprimento de objertivos” estão na página da CBDA

Porém, desses relatórios “não constam os valores captados em cada projeto nem como a grana foi gasta. Nada!

Os documentos falam sobre viagens, número de atletas, locais de eventos etc. Valores? nenhum!

São relatórios burocráticos. E, aí sim, provocam dúvidas, inclusive da própria comunidade, atletas e opositores ao presidente Coaracy. Essa questão em particular não está transparente como de resto em outras confederações.

Estarrecedor

Porém, da conversa com o experiente dirigente, o que mais me preocupou foi a seguinte declaração de Coaracy Nunes:

“Eu não tenho nada a ver com clubes”

Coaracy estava indignado com a afirmação do presidente do Fluminense, que não recebe nada da CBDA para suas equipes aquáticas.

Ora, se a principal entidade dos desportos aquáticos “não tem nada a ver” com os clubes, a quem compete essa relação, já que as federações estão falidas, na miséria, sem estrutura administrativa ou financeira?

Quem dá suporte aos clubes em seus projetos, já que é neles que surgem e se formam atletas?

A declaração de Coaracy Nunes dá a dimensão de como estamos perdidos e sem rumo no desporto em geral, pois o mesmo ocorre nas demais modalidades olímpicas ou não.

Na prática, o que Coaracy afirmou é a extensão da política do presidente do COB, Carlos Nuzman. Ele declara, com frequência, que não tem nada a ver com as federações. Sua relação esgota-se nas confederações.

Está explicado

A cúpula diretiva do esporte reúne-se numa elite e se isola.

As confederações enviam migalhas mensais às federações como prêmio de compensação. E assim o presidente da confederação garante o voto na próxima eleição.

É a lei do “cada um por si”. E a turma de baixo que se lixe.

O Brasil olímpico é isso aí. Sobra dinheiro, mas faltam gestão e relação institucional.


Romário avança na carreira política
Comentários Comente

José Cruz

O deputado Romário tem o apoio do PSB, seu partido, para se candidatar à presidência da Comissão de Turismo e Desporto (CTD) da Câmara Federal, em fevereiro. A decisão foi na última reunião do partido, em dezembro.

Romário, que já foi vice-presidente da CTD, em 2011, na gestão do deputado Jonas Donizette, é o candidato preferencial, inclusive por sua atuante participação nos debates em 2012. Ele é o autor do pedido da CPI da CBF, que aguarda decisão do presidente da Câmara.

Desde 2009, a Comissão de Turismo e Desporto tornou-se uma das mais importantes devido à realização de megaeventos no Brasil. O atual presidente da CTD é o deputado José Rocha.

Negociações
A decisão sobre as comissões ocorrerá depois da eleição da Mesa da Câmara. E isso poderá ser só em março, por dois motivos:  atraso nos trabalhos devido o recesso do Carnaval e, principalmente, porque o Palácio do Planalto quer que o Orçamento Geral da União de 2013 seja votado ainda sob o comando da atual Mesa, cujo presidente é Marco Maia, do PT-RS.

A distribuição das comissões temáticas  –  Agricultura, Educação, Constituição e Justiça, Meio Ambiente etc –  entre os partidos é de acordos com o número de parlamentares por bancada. Os partidos com maior número de representantes, como o PMDB e o PT ficam com as comissões mais importantes, entre elas a de Orçamento, Fiscalização e Controle, Agricultura, e a de Constituição e Justiça.

Os acordos são comuns nessas ocasiões e as indicações de nomes para presidência geralmente são respeitadas pelos demais partidos, que não lançam candidatos de oposição para o mesmo cargo.

Se confirmada a previsão, Romário terá, de saída, um excelente tema para se ocupar: a demolição de instalações esportivas no Rio de Janeiro, sua cidade.

Se ainda der tempo, claro…


Mas que vergonha!
Comentários Comente

José Cruz

Circula na rede:

Acabei de chegar,de um encontro orgarnizado ,pela atleta Nina Santoro em frente ao Copacabana Palace Hotel.Meus Parabéns Nininha,assim como você que tem o sonho de participar de uma olimpíadas, a iniciativa foi perfeira. Todas as vezes que o sinal fechava,fazíamos nosso manifesto com muita inteligência,falávamos com o povo,mostrando a nossa indignação. No Trânsito,os carros se manifestavam metendo a mão na BUSINA,e assim foi a organização,desde o grito de GUERRA,apitaço, batida de panela,refrão não a demolição.Precisamos de pessoas influente,venham! Quero ressaltar aqui a presença sempre do ex atleta olímpico,Prof. Neslson Rocha,que vem acompanhando desde do começo de nosso abraço ao Célio de Barros,a presença de vários Professores,o mais jovem atleta em sua Primeira olímpiadas de LONDRES no Atletismo do Brasil,Aldemir Gomes da Silva Júnior e sua Tecniva Professora Vania Maria.Será que ele vai conseguir chegar a Segunda, com esse descaso,essa carga toda negativa?? como será a sua preparação para 2016?Tivemos também a presença de Claudio da Matta, grande atleta, e autor da música em homenagem ao nosso ATLETISMO.

Com o início da destruição do estádio Célio de Barros,

a geração 2016 de atletismo foi às ruas.

Onde estão o Ministério do Esporte?

O Governo do Estado do Rio de Janeiro?

A Prefeitura do Rio de Janeiro?

O Comitê Olímpico Brasileiro?

O Conselho Nacional de Esporte?

A Comissão Nacional de Atletas?

As comissões de Esporte da Câmara e do Senado?

Demolição, caros Leitores, é o legado antecipado do lucro fácil para muitos.

E quem responderá por tanta irresponsabilidade, por falta de planejamento, por agressão ao patrimônio público e por desperdício de dinheiro?

 


O lado triste da história do atletismo carioca
Comentários Comente

José Cruz

Não adiantaram os protestos. O futebol “engoliu” uma das mais tradicionais pistas de atletismo do país, como se tivéssemos fartura desses espaços para formar atletas.

Em reportagem de Cláudio Nogueira, O Globo publicou sobre o triste fim da pista do Estádio Célio de Barros, no Rio de Janeiro.

A cultura da destruição do patrimônio esportivo é fortíssima porque novos espaços são construídos com dinheiro público…

A área da pista de atletismo no Célio de Barros “está ocupada por andaimes, caminhões e até banheiros químicos no canteiro de obras do Maracanã”, escreveu Cláudio Nogueira.

Assim como o Célio de Barros, o Parque Aquático Júlio de Lamare será desativado. No seu lugar surgirá um grande estacionamento para o Maracanã.

As propostas do governo do Rio para construir novas instalações de atletismo e natação ainda estão em projeto…

O legado da Copa começa pela destruição de históricos espaços esportivos. É o que muitos chamam de “progresso”…

O ano promete.


CBDA recebeu R$ 158 milhões dos Correios em 20 anos de parceria
Comentários Comente

José Cruz

 A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) recebeu R$ 158 milhões de patrocínio dos Correios, nos últimos 20 anos.  

Média de R$ 7,5 milhões/ano ou R$ 626 mil por mês.

Os números, oficiais, são inéditos. Foram conseguidos por Julian Romero, através da Lei de Transparência.

Julian tenta concorrer à presidência da CBDA na próxima eleição, mas teve seu pedido impugnado. Sobre este assunto tratei em dezembro último, mas voltarei a ele em seguida.

“A 60 dias da eleição, continuamos a exigir que se mude a mentalidade e a gestão, porque foram mais de 157 milhões de reais em 20 anos de parceria em um negócio que, apesar deste porte de investimento, nunca conseguiu caminhar sozinho, elaborar projetos ou programas para transformar o aporte financeiro em sustentação do negócio”, disse Julian.

No link a seguir, Julian detalha todos os convênios firmados, ano a ano.

http://www.mudacbda.com.br/?p=173


Cidadania F.C.
Comentários Comente

José Cruz

Por Geraldo Hasse

Dias desses terminou a temporada de tênis, esporte que paga em média 500 mil dólares ao campeão dos maiores torneios. Não bastasse isso, o campeão Roger Federer veio pegar mais alguns milhares de euros da mão do Guga, o astro brasileiro que vai se transformando em empresário do ramo da raquete.

Há um mês e pouco acabou a Fórmula Um, onde os salários dos pilotos giram em milhões de dólares por ano. Antes mesmo de largar o volante, o brasileiro Felipe Massa vem tentando se tornar empresário do setor.

Também chegaram ao fim os campeonatos brasileiros de futebol das séries A, B, C e D, cujos jogos são transmitidos por canais de TV a cabo, emissoras de rádio, e jornais e revistas.

Agora os espaços disponíveis na mídia são preenchidos por jogos de futebol da Europa e torneios nacionais de basquete e vôlei, estes com times cheios de estrelas olímpicas, algumas já ensaiando os primeiros passos como empresários.

Aqui e ali, descobrem-se torneios e outros esportes também cobertos pela televisão e cercados de placas de patrocínio, com os ginásios e arquibancadas ocupados por torcidas remuneradas.

Tudo isso indica que, se não todos, a maioria dos esportes está dominada pelo “business”. Os tenistas, os pilotos e os boleiros em geral tornam-se escravos dos seus patrocinadores, que mandam nos seus clubes/equipes.

Patrocínio vem de patrão. A maioria dos atletas se ajustou ao padrão dominante. No capitalismo, que furou o Muro de Berlim e está pondo no chão a Muralha da China, a hegemonia é do dinheiro, que vai empilhando gente mais ou menos qualificada em todas as atividades, frequentemente à revelia da ética.

No mais atrasado dos esportes em gestão – o futebol –, tornaram-se comuns os salários de seis dígitos. O público foi acostumado a admitir como normal um jogador de certo talento ganhar pelo menos 100 mil reais por mês, valor superior ao salário de um executivo no auge da carreira e vinte vezes maior do que os rendimentos de um professor universitário ou cientista em fim de carreira. Já os craques como Neymar do Santos ganham acima de um milhão por mês, o que lhes permitiria ser independentes, não fossem dependentes de contratos que lhes roubam o tempo e a tranqüilidade indispensáveis a um atleta.

No fim das contas, os clubes acumulam folhas salariais milionárias e deficitárias no afã de sustentar elencos n os quais se reproduzem, geralmente agravadas, as desigualdades de renda da população brasileira.

Dos clubes mais populares do Brasil, nenhum deve menos do que R$ 100 milhões. A dívida do Flamengo gira em torno de R$ 400 milhões. No entanto, não se vêem dirigentes preocupados em reduzir o tamanho dos buracos abertos nos clubes. Pelo contrário, os chamados cartolas não resistem à tentação de contratar estrelas para ganhar títulos, quando seria preciso enxugar a folha de pagamentos. Nessa batida não há loteria esportiva que sustente a leviandade da maioria dos dirigentes esportivos.

Nessa imensa ciranda do desperdício jogam os clubes, os patrocinadores e as emissoras de TV e rádio. A “crônica esportiva” é uma das principais engrenagens desse jogo malandro em que a marquetagem mais rasteira veste de plumas o patriotismo mais barato. É um faz-de-conta espantoso que agride a sensibilidade das pessoas.

Os programas esportivos de rádio fazem rolar uma cascata de marcas, a maioria desconhecida, tentando pegar carona num negócio moralmente falido. Os narradores carregam nas tintas para agradar os torcedores, os repórteres abrem os microfones para fazer perguntas idiotas a cartolas, treinadores e atletas, cujas respostas obviamente imbecis são ignoradas pelos comentaristas em suas análises autossuficientes sobre o que acontece dentro dos campos. Diante da mediocridade generalizada dos bastidores do esporte, não admira que o futebol brasileiro tenha perdido prestígio e venha caindo no ranking dos melhores do mundo.

A um ano e meio da Com a Copa do Mundo, aproxima-se um banquete de grandes marcas. É muito dinheiro envolvido em nome da Nike, Coca-Cola, Santander, Bradesco, Itaú, Volkswagen, Vivo, Brahma. Só multinacionais tendo como parceira a Fifa, igualmente internacional.

Em contrapartida, há muito dinheiro comunitário (dos clubes) e público (de governos) sendo colocado na construção de estádios e de infraestrutura viária em 12 capitais. Aparentemente, o negócio do futebol tem a sustentabilidade financeira assegurada. No entanto, está cada vez mais claro que ele não fica de pé sozinho.

Se os clubes mais ricos têm dívidas maiores do que os seus patrimônios, a maioria dos clubes brasileiros vive um cotidiano de esperança na penúria, com salários atrasados e torcedores em número insuficiente para custear as despesas básicas. Por que então não se organizam parcerias em prol de setores carentes ou deficientes da sociedade?

No mínimo, os novos e monumentais estádios de 2014 podiam abrigar salas escolares, para minorar o déficit educacional brasileiro. Ou pensionatos para menores carentes que seriam educados e treinados para se tornar atletas profissionais ou funcionários esportivos. E por que não construir dentro dos estádios ambulatórios e postos de saúde para atender os “atletas” do Cotidiano F.C., que passam a vida levando bola nas costas?

O futebol não precisa deixar de ser uma festa para se tornar um importante veículo de educação, saúde e cidadania.

Lembrete de ocasião

O futebol é o maior fenômeno social do Brasil. Representa a identidade nacional e também

consegue dar significado aos desejos de potência da maioria absoluta dos brasileiros”.

Marcos Guterman, O Futebol Explica o Brasil, Editora Contexto, São Paulo

Geraldo Hasse é jornalista e colaborador deste blog

A publicação diária de mensagens voltará na próxima segunda-feira, 14 de janeiro

 


2013: e agora, vai?
Comentários Comente

José Cruz

 

“O pessimista reclama do vento; o otimista espera que ele mude;

o realista ajusta as velas”  (William Georges Ward)

Um excelente ano para todos.

Saúde, paz e bons debates.

Dia 14 retornarei à rotina do blog.