COB: o calote e o jogo limpo
José Cruz
O Tribunal de Contas da União ainda não apresentou o balanço final do Pan 2007 e já temos o primeiro anúncio de escândalo dos Jogos Rio 2016.
A notícia, dos repórteres Felipe Coutinho e Leandro Colon, está na Folha de S.Paulo, hoje.
Conta sobre a falta de pagamento, pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), de uma comissão, ainda do tempo da candidatura do Rio de Janeiro à sede dos Jogos.
Coisa pequena, R$ 1,6 milhão, comparada aos R$ 80 milhões, custo total da candidatura carioca. A grana saiu dos cofres de Brasília, do Ministério do Esporte.
Agora, a confusão da tal comissão envolve uma das gigantes do marketing esportivo internacional. O COB negou as acusações.
Seguinte
A proximidade dos Jogos do Rio de Janeiro sugere que o COB esteja cada vez mais identificado com a população, desperte confiança e credibilidade e lidere, com a prefeitura, o ambiente de otimismo para a grande festa. O tal “espírito olímpico”. Mas não é isso que vem ocorrendo.
Ficou sem esclarecimentos convincentes, por exemplo, o episódio de cópia de documentos secretos dos computadores do Comitê Organizador dos Jogos de Londres.
Afinal, os 11 demitidos agiram por iniciativa própria, individual, ou sob um comando maior? E que documentos “secretos” surrupiaram dos arquivos londrinos?
Esse fato, que colocou a diplomacia brasileira em constrangimento e descrédito internacionais, teria provocado reação indignada da presidente Dilma Rousseff, declarando que estava “com saco cheio e um pé atrás com esse Nuzman”…, segundo um assessor próximo.
Primeiro e único
Nuzman, soberano, tem “perfil único” para cuidar do esporte nacional como declarou à revista Veja.
Nuzman é o cartola que não erra, e a falta de evolução do nosso esporte em termos de medalhas olímpicas é culpa dos atletas, que não têm “ambição pela vitória”, disse ele, também à Veja.
Nuzman, enfim, é o dirigente insubstituível, a ponto de se perpetuar por 21 anos à frente do COB, e ainda acumula a presidência do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, fato raríssimo na história olímpica mundial.
Agora, com este fato da “comissão que não foi paga” fica a dúvida: onde está o “jogo limpo” defendido pelo movimento olímpico?