Lei de Incentivo ao Esporte turbina carreiras no automobilismo
José Cruz
Nos últimos dois anos o Ministério do Esporte aprovou a captação de R$ 13 milhões para projetos de automobilismo e kart, através da Lei de Incentivo ao Esporte.
Beneficiados
O piloto paulista Nicolas Costa aprovou R$ 1.770.000,00 para disputar a Fórmula 3 Inglesa. Mas captou até agora R$ 358 mil, através do Automóvel Clube Vale do Paraíba, que executa o projeto.
Já a Equipe Brasil de Rally Dakar aprovou R$ 5,5 milhões. Porém, apenas 10% do projeto entraram no seu cofre, R$ 586 mil.
Para o Rali dos Sertões, o Esporte clube Piracicabano de Automobilismo, aprovou R$ 3,3 milhões.
No início deste ano divulguei que o piloto norte-americano, Pietro Fittipaldi, havia se beneficiado de R$ 1 milhão para seu projeto na Fórmula Nascar.
Legal, mas…
Essas captações são legais, estão previstas na Lei de Incentivo ao Esporte.
Mas volto a colocar em discussão:
O automobilismo de competição está nas prioridades para se beneficiar de incentivos fiscais diante das evidentes carências do nosso esporte de base?
O Ministério do Esporte, gerente da Lei de Incentivo, tem o mapa das necessidades de instalações e de equipamentos do esporte brasileiro, por região, no mínimo, para indicar projetos com aproveitamento condizente à nossa frágil realidade?
Não tem, com certeza, não tem.
Enquanto isso…
O governo federal abre mão de R$ 300 milhões anuais, dinheiro que seria arrecadado pelo Imposto de Renda, para turbinar carreiras de pilotos profissionais.
A mesma coisa está ocorrendo no futebol profissional!
E o ministro Aldo Rebelo fecha os olhos para esta realidade que vem desde 2006… Há um esbanjamento de dinheiro que não tem retorno! Quais os grandes resultados apresentados por projetos beneficiados pela Lei de Incentivo ao Esporte?
Faltam critérios porque a Lei de Incentivo é mal divulgada antes de tudo! Apenas uma elite tem acesso a ela, em detrimento das áreas mais carentes do nosso esporte.
Isso desvirtua o espírito dessa lei. Sem falar na falta de fiscalização…
Mais:
Há duplicidade na aplicação dos recursos na mesma instituição e com dinheiro saindo de diversas fontes do governo federal.
É a tal “desordem institucional” no Ministério do Esporte.
E o Conselho Nacional de Esporte, que se reuniu uma única vez em um ano, não discute esses assuntos. Omite-se. É um conselho chapa branca, apenas para homologar decisões do ministro.
Gravíssimo
É nesse Conselho que tem direito a voz e voto as ex-jogadoras Ana Moser, atual presidente da ONG Atletas pela Cidadania;
Hortência Marcari, diretora da Confederação de Basquete e
Marcos Vinícius Freire, ex-atleta de vôlei e atual diretor do Comitê Olímpico.
Eles sabem sobre os problemas de falta de estrutura do esporte de base e conhecem, no outro extremo, onde estão as fontes de recursos. Dessas verbas, inclusive, beneficiam-se em seus projetos institucionais específicos.
São ex-atletas que poderiam liderar um movimento pela mudança radical da estrutura do esporte diante da fartura de grana que sai sem controle dos cofres públicos, enquanto a carência e até a miséria crescem na base, na iniciação.
Lamentavelmente, encerramos o ano de 2012 como nos tempos do governo FHC: sem rumo. Mas, ironicamente, com muito dinheiro, disponível para poucos.