Blog do José Cruz

A arrogante entrevista do presidente Nuzman

José Cruz

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, chegou ao extremo de sua vaidade e arrogância além de dar uma banana ao princípio democrático da renovação de dirigentes.

“Sem querer ser arrogante nem melhor ou pior do que ninguém, é preciso lembrar que não havia e não há ninguém tão preparado para esse cargo (presidente do COB) como eu”

A ousada declaração está nas páginas amarelas de Veja, entre outras declarações de Nuzman ao repórter Leslie Leitão.

Disse mais:

Não concordo com o projeto apoiado pelo governo que limita o mandato dos dirigentes esportivos. Certas batalhas levam tempo e demandam experiência para ser vencidas. Não sou insubstituível, mas meu perfil é único”.

E debochou:

“Ficar depois da Olimpíada é uma opção, sim. O projeto de lei que limita o tempo nessa função que ocupo não seria um impedimento para isso. Ele varia justamente a partir de 2016, e por dois mandatos. Seria possível, portanto, permanecer no cargo até 2024.”

Por tudo isso e com esse perfil de cartola é que nosso esporte de rendimento está pelas tabelas.

Nuzman, o “salvador” do vôlei, que transformou uma modalidade em “negócio rentável”, não conseguiu implantar o modelo nos demais esportes, apesar dos milhões de reais que recebe dos cofres públicos.

Foi incapaz de promover eventos para repassar aos dirigentes modelos eficientes de gestão, tornando as demais modalidades atrativas e, também, “rentáveis”. Não fez isso, mesmo tendo o domínio sobre todas as confederações, a ponto de garantir sua perpetuação no cargo.

Ao contrário, correu atrás de recursos públicos e vendeu ao governo federal um evento bilionário como a Olimpíada, depois de fracassar na preliminar, no ensaio do Pan-Americano dispendioso e sem retorno efetivo.

Diz Nuzman que há uma “fronteira” entre o COB e as confederações, que ele respeita. Elas que são responsáveis pelos maus resultados, segundo o eficiente cartola. Mas quando Nuzman precisa do voto para se manter no cargo ele ultrapassa a fronteira dessa relação e aí está, perpétuo…

Pior:

É sob a gestão do “preparado” Nuzman que se promovem demolições, como um estádio de atletismo de remo, de uma escola e um museu, no complexo do Maracanã. Em nome do “progresso olímpico”.

É sob a gestão do “preparado” Nuzman que se destruirá um velódromo de apenas cinco anos, mas inútil área de R$ 15 milhões aos cofres públicos para se construir outra, que atenda às exigências olímpicas. Essa gestão eficiente do esporte custará R$ 150 milhões ao governo brasileiro…

É também sob a gestão de Nuzman que não se conseguiu montar um projeto efetivo de formação de atletas, apesar de o “competente” presidente ter sob seu comando as Olimpíadas Escolares e as Universitárias.

E o próprio Nuzman reconhece sua incompetência ao afirmar:

“Somos o único país em toda a história a ganhar o direito de sediar uma Olimpíada sem ter essa estrutura mínima” (para formação de atletas)

Ora, se nos falta o básico, o indispensável para que se tenha uma representatividade à altura do país sede, porque levar o governo federal a essa ousada candidatura de pavão deslumbrado?

Ao final da entrevista, Nuzman volta a demonstrar que está mais afeito à ditadura do esporte do que à prática democrática que essa atividade sugere:

“Transito por todas as esferas e já fui a mais de 100 países. Meu cargo propicia tudo isso. Acho prazeroso mandar”

Interessante que o “mestre” de Nuzman, João Havelange, também dizia exatamente isso. E com a mesma empáfia.

Deu no que deu…