Blog do José Cruz

Arquivo : novembro 2012

Aldo Rebelo completa um ano no Ministério do Esporte: avanços e recuos
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José Cruz

Aldo Rebelo completou um ano como ministro do Esporte. Em 31 de outubro.

Com medidas administrativas, demissões, inclusive, devolveu credibilidade à pasta.

Suspendeu alguns repasses de verbas dos programas Segundo Tempo e Pintando a Cidadania – principais focos de corrupção na era do ministro anterior, Orlando Silva.

Mas, aos poucos, Aldo, do PC do B, recuou.

Retrocedeu, por exemplo, no jogo duro contra os cartolas que se perpetuam no poder de suas confederações. Adiou novas regras para 2017. Ou seja, para nunca mais.

Ressuscitou o apoio do governo federal ao futebol profissional, sem transparência, como liberação de verbas para instalar sistema de segurança em estádios de futebol, em entidades privadas.

Reconheceu que a Copa do Mundo não é evento para “torcedor comum”. Esses, segundo Aldo, não vão passar nem perto dos estádios… Bah!

Resgatou funcionários afastados que na gestão de Orlando Silva serviam a chefias que estavam no foco das investigações. Outros ganharam promoções.

Danielle dos Santos Gruneich – ex-lider estudantil e militante do PC do B, foi nomeada coordenadora-geral da Rede Nacional de Treinamento e Cidade Esportiva. Trabalhou muito tempo na secretaria de esporte educacional, onde foi chefe de gabinete.

Carlos Nunes Pereira assumiu a assessoria técnica da Coordenação dos Grandes Eventos Esportivos da Secretaria Executiva. Também é militante do PC do B e já havia trabalhado na Secretaria de Esporte Educacional, de onde foi afastado, mas está de volta.

Antônio Fernando Máximo ganhou cargo novo, na Coordenação de Grandes Eventos Esportivos. Ele era assistente de Wadson Ribeiro, ex-secretário de Esporte Educacional. Wadson foi afastado do Ministério do Esporte no escândalo de Juiz de Fora (MG), quando desapareceram R$ 2 milhões do programa Pintando a Cidadania, ainda investigado pelo Ministério Público. Antônio é militante do PC do B.

E por aí vai. Neste aspecto, Aldo não difere de seus colegas da Esplanada dos Ministérios: o fortalecimento e a valorização dos companheiros partidários  jamais é esquecida. “É dando que se recebe”. Está na cartilha.

Futuro

Fortemente envolvido com a preparação do país aos megaeventos esportivos, fica a expectativa sobre os rumos políticos de Aldo Rebelo.

Seguir os passos de Dilma na próxima eleição e permanecer fiel à chefia ou deixar o Ministério para tentar reeleição de deputado federal por São Paulo?

Se Aldo não sair candidato a deputado a vaga ficará disponível para Orlando Silva e Netinho.

Orlando derrotado nas urnas para vereador, aderiu à campanha vitoriosa de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo. Por isso, deverá ser contemplado com uma secretaria. De Esportes, quem sabe, pois a vice-prefeita eleita, Nádia Campeão, é do PC do B. Tudo se encaixa.

Assim, com orçamento e projetos públicos, Orlando poderá construir sua candidatura a deputado federal. “Nada se cria, tudo se copia…” Maluf já fazia isso, há anos. Bela escola. PC do B e Maluf juntos, quem diria!

Aldo e Orlando não se bicam. Quando preciso se abraçam e sorriem. Mas é para os flashes. São de linhas distintas no PCdoB, tanto como ex-líderes estudantis e, principalmente, como ministros.

Mas, como gestor, em apenas um ano Aldo Rebelo demonstrou ser bem mais confiável.


O vôlei e o dinheiro público dos negócios do esporte
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José Cruz

O vôlei brasileiro é exemplo de esporte de resultado. A gestão financeira de sua entidade maior, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), está muito distante da tradicionalmente praticada na maioria das entidades do esporte.

Eleito para a Federação Internacional de Vôlei (FIVb), o ex-presidente da CBV, Ary Graça Filho, atribui o sucesso do vôlei no Brasil ao sistema de “negócio” que implantou.

E quer fazer isso na Federação Internacional, como explicou ao repórter Ary Cunha, de O Globo, em ótima entrevista.

O que vai mudar no vôlei com sua chegada à presidência da FIVb?

Ary Graça – A estrutura vai mudar. Vamos implantar o modelo de gestão que tenho no Brasil, de unidades de negócios.

Negócios

Ary graça confirma o que tenho escrito: uma coisa são os jogos; outra os negócios.

E o esporte no Brasil tornou-se um grande negócio seguindo a tendência mundial. Mas um negócio financiado pelo dinheiro público!

Por exemplo, para o sucesso do vôlei nacional foi decisiva a participação do Banco do Brasil, parceiro há mais de 20 anos, assim como do orçamento do Ministério do Esporte, de onde saiu o dinheiro para o Centro de Treinamento de Saquarema.

Porém, esses “negócios” e “resultados” não estão intimamente vinculados ao desenvolvimento da modalidade em todo o país, a tal “massificação”.

Exemplo

Nos últimos 36 anos, todos os campeões brasileiros saíram de apenas seis estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Com forte concentração de títulos feminino no Rio de em São Paulo. No masculino o domínio é de Minas e Santa Catarina. É como se não existisse a prática de vôlei no restante do país.

Além disso, a Confederação de Vôlei tem forte participação na gestão das rendas do vôlei, o que limita a expansão da modalidade que se ter a massificação Brasil afora.

Para incentivar o debate, leiam o que diz o regulamento da Superliga:

ARTIGO 9º – A CBV é a detentora de todos os direitos referentes a este campeonato e das receitas provenientes do licenciamento, inclusive os de captação, fixação e transmissão das partidas por televisão.

Enquanto isso …

A Confederação Brasileira de Basquete passa por dificuldades financeiras, a ponto fazer empréstimos bancários para pagar suas contas… Mas recebe recursos do governo e patrocínio da Eletrobras. E basquete tem muito apelo é, na minha avaliação, bem mais emocionante que o vôlei.

Algo está errado no basquete. Muito errado. Com a palavra o governo, que financia os “negócios” do esporte.

E, claro, os órgãos de fiscalização, Tribunal e Contas e Controladoria Geral da União.


Megaeventos esportivos: o legado da construção e do lucro fácil
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José Cruz

Decisões políticas-esportivas para os Jogos Rio 2016

Velódromo – Custou 14 milhões para o Pan 2007. Será demolido. O novo custará R$ 134 milhões. Dinheiro público. Ninguém questionou que o primeiro seria imprestável para eventos internacionais? Quem aprovou a obra?  Qual é o nome do irresponsável da época que deu o “ok”?

Estádio do Remo da Lagoa – Berço do remo no Rio de Janeiro, o estádio passou do Estado para o Município. Sem concorrência foi entregue a Glenn Entretenimento. O que era público tornou-se privado e a Glenn demoliu o que era “patrimônio histórico”, construiu comércio de lazer e já manda naquele valorizado espaço. Quanto vai pagar pelo  espaço? A quem? A partir de quando? E o Ministério Público não age em defesa do patrimônio de uso “público” e de área “pública” que se tornou individualizada para o lucro privado?

Autódromo Nelson Piquet – Fechou as portas ontem. Vai virar Parque Olímpico. Durante dois anos as provas do calendário carioca de automobilismo serão em…. Belo Horizonte! A demolição do autódromo, em Jacarepaguá, já começou, mas a Prefeitura carioca ainda não apresentou o projeto da nova pista, em Deodoro. Vai demolindo aí que depois a gente constroi ali …

Campo de Golfe –  Um parque ambiental na Barra da Tijuca será transformado em APA (Área de Proteção Ambiental) para facilitar o surgimento de construções de até 22 andares. Olimpíada ambiental é por aí…  E o Itanhangá, que está entre os 100 campos do mundo, segundo a revista Golf Digest, não serve para Olimpíada? Quem vai administrar a nova área depois da Olimpíada? A Glenn? Outra Glenn? Pagando quanto a quem?

Parque Aquático Maria Lenk – Está na página do COB: “Considerado um dos parques aquáticos mais bonitos e modernos do mundo, o Parque Aquático Maria Lenk foi construído de acordo com as normas da Federação Internacional de Natação (FINA). O espaço conta com infraestrutura e tecnologia de ponta para sediar competições de nível internacional.” . Mentira! O parque não tem parâmetros olímpicos. Esqueçam os R$ 90 milhões ali investidos e construam outro! Mais uma irresponsabilidade combinada.

Repetindo:  uma coisa são os Jogos; outra os negócios.

É o legado da construção com muito dinheiro público na jogada. O lucro fica mais fácil.

Depois, o TCU que se vire para explicar o rombo orçamentário.

Mas será tarde e muita gente estará rindo, com o “legado” saindo pelo bolso.


Eleição na CBDA: campanha em debate
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José Cruz

Nos últimos 33 anos a CBDA teve apenas quatro presidentes, média de 8,2 anos para cada um. Mas o atual, Coaracy Nunes, está há 24 anos no comando. Três vezes acima da média. Isso incentivou apaixonados por desportos aquáticos a se mobilizarem para lançar oposição na próxima eleição, em março.

Mesmo afirmando que não disputará com Coaracy, o presidente da Federação Aquática Paulista, Miguel Carlos Cagnoni, tem discurso de candidato. Disfarçado, mas tem.

Nesta entrevista, o também experiente dirigente – Miguel dirige da Federação Paulista há 18 anos – diz que falta um trabalho integrado da CBDA com as suas filiadas para se ter mais eficiência na revelação de talentos.

Finanças

Relembrando o que já escrevi, entre 2009 e 2011, a CBDA recebeu R$ 32 milhões de recursos públicos: R$ 20 milhões de patrocínio dos Correios, R$ 6,3 da Lei de Incentivo ao Esporte e R$ 5,7 da Lei Piva.

 Entrevista

O Senhor chegou a ter apoios para se candidatar à presidência da CBDA, mas isso não se concretizou. Qual o motivo?

Miguel Não é o momento apropriado para isso. Acabei de vencer uma eleição que mobilizou 95% dos clubes filiados a esta Federação. Existem compromissos com a FAP que não foram concretizados e que como foram promessas de campanha que quero e como sempre o fiz cumprir o que prometo, já que sempre foram promessas palpáveis e que visam o desenvolvimento do esporte aquático paulista. Portanto, assumir esse compromisso de avançar à CBDA desvirtua o comprometimento do presidente da FAP frente aos seus filiados.

Para esse objetivo, o Senhor tem o apoio de quantas federações? Qual é o total de eleitores na assembleia da CBDA?

 Miguel – Não sei lhe dizer o número de apoios que poderia ter numa eventual candidatura, pois até o momento isso não passa de um desejo de contribuir com o esporte aquático nacional. O número total de eleitores na assembleia da CBDA totalizam 27 que são o numero de estados, mais o Distrito Federal, que compõe a nação Brasileira.

A CBDA tem bons recursos financeiros. Na sua avaliação, os valores são suficientes para se formar uma equipe competitiva internacionalmente, que não se fixe em poucos nomes?

 Miguel – Na minha avaliação sim, mas para isso seria necessário mudar o foco de objetivos que hoje é a de participação em todas ou quase todas as competições internacionais com os melhores atletas daquele momento. Isto é muito importante, mas não há um trabalho organizado em conjunto com as federações para uma constante revelação de novos talentos na formação e renovação dos atletas consagrados, nas bases estaduais.

Porque não temos uma equipe feminina de expressão?

 Miguel – Recentemente a CBDA nomeou dois técnicos de expressão nacionais altamente capacitados para dirigir as seleções masculinas e femininas de natação, coordenados por outro profissional de extremo respeito no esporte natação. Portanto, os atletas que chegarem à seleção brasileira estarão na mão de gente muito capacitada. A meu ver a questão não está nesses atletas, nem nos profissionais que os irão dirigir na seleção e sim como gerar um número de atletas cada vez maior em condições de serem selecionados e aí eu retorno a resposta da pergunta anterior.

Pela sua experiência de dirigente estadual, quais são as prioridades da natação brasileira, atualmente?

Miguel – Eu estou absolutamente seguro em dizer que deveríamos ter um programa nacional de revelação de novos talentos e investimentos nas bases estaduais. Esse é um dos compromissos que assumi nas últimas eleições e que vou cumprir até o final desta gestão para o esporte aquático paulista. No entanto, a Federação Paulista, por sua grandeza, é quase uma confederação e sei que a maioria das demais federações nacionais lutam com dificuldades crescentes para se manterem vivas. São essas que merecem mais atenção.

Qual sua expectativa para a natação brasileira nos Jogos de 2016?

 Miguel – Acredito que será bem melhor que em 2012. Primeiro porque o brasileiro é muito empolgado e o comportamento dos espectadores deverá ser quase que apoteótico. Isso já foi visto no Pan-americano de 2007. No entanto, olimpíada é outro nível de demanda técnica. Os competidores são extremamente gabaritados. Qualquer pessoa que acompanhe de perto a natação brasileira sabe que 60 a 70 por cento já estão definidos. Certamente surgirão novidades e espera-se uma boa participação deles. Mas, certamente será melhor que em 2012.

Para saber mais:

Um movimento nas redes sociais lançou recentemente a campanha “Muda CBDA”, que incentiva o surgimento de uma chapa de oposição.

https://www.facebook.com/MudaCbda
http://www.twitter.com/mudacbda

 

 


Fifa ganha mais isenção fiscal e mão de obra gratuita na Copa
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José Cruz

A Câmara dos Deputados concedeu mais um benefício à poderosa Fifa: isenção de pagamento do ISS (Imposto Sobre Serviços).

O projeto de lei vai ao Senado, onde será aprovado, e depois à sanção presidencial, pois é compromisso do governo para receber a Copa do Mundo.

A Fifa já havia recebido outras isenções. Por exemplo, está desobrigada de recolher em torno de R$ 560 milhões de Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, Imposto de Renda etc. Mas anuncia que terá lucro de US$ 3,5 bilhões com a Copa no Brasil

Também os organizadores dos Jogos Rio 2016 terão isenções, e só com esse evento o governo deverá deixar de arrecadar R$ 3,8 bilhões, segundo estimativas oficiais.

Enquanto isso …

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, está na Argentina incentivando o trabalho de “voluntários” na Copa das Confederações, Copa do Mundo, nos Jogos Olímpicos e Jogos Paraolímpicos. Ele recruta para trabalho gratuito.

Os voluntários deverão estar disponíveis para suar a camisa por 20 dias consecutivos em jornadas de até 10 horas diárias. Vão receber uniforme e sanduiches.

Nos Jogos Rio 2016 será a mesma coisa. Estranhas decisões.

Contrastes

O governo concede isenções bilionárias para poderosas instituições do esporte que vão faturar muita grana da televisão, com a venda de ingressos e dos patrocinadores e ao mesmo tempo usará o trabalho gratuito de quem deveria estar sendo remunerado.

E o governo incentiva essa prática explorando o momento de entusiasmo, de empolgação dos jovens com os megaeventos.  É um abuso governamental vergonhoso.

O ministro Aldo Rebelo, que como deputado combate o trabalho escravo, torna-se de repente incentivador da mão de obra gratuita para poderosas empresas, que sairão do Brasil com os cofres abarrotados de dinheiro, sem recolher impostos ou pagar salários.

Como diz a expressão, o trabalho é para “voluntários”.  Portanto, submete-se às regras quem quiser.

Mas diante dos contrastes do capital e trabalho a exploração é evidente.

E ainda falam em “legado”…