Blog do José Cruz

O vôlei e o dinheiro público dos negócios do esporte

José Cruz

O vôlei brasileiro é exemplo de esporte de resultado. A gestão financeira de sua entidade maior, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), está muito distante da tradicionalmente praticada na maioria das entidades do esporte.

Eleito para a Federação Internacional de Vôlei (FIVb), o ex-presidente da CBV, Ary Graça Filho, atribui o sucesso do vôlei no Brasil ao sistema de “negócio” que implantou.

E quer fazer isso na Federação Internacional, como explicou ao repórter Ary Cunha, de O Globo, em ótima entrevista.

O que vai mudar no vôlei com sua chegada à presidência da FIVb?

Ary Graça – A estrutura vai mudar. Vamos implantar o modelo de gestão que tenho no Brasil, de unidades de negócios.

Negócios

Ary graça confirma o que tenho escrito: uma coisa são os jogos; outra os negócios.

E o esporte no Brasil tornou-se um grande negócio seguindo a tendência mundial. Mas um negócio financiado pelo dinheiro público!

Por exemplo, para o sucesso do vôlei nacional foi decisiva a participação do Banco do Brasil, parceiro há mais de 20 anos, assim como do orçamento do Ministério do Esporte, de onde saiu o dinheiro para o Centro de Treinamento de Saquarema.

Porém, esses “negócios” e “resultados” não estão intimamente vinculados ao desenvolvimento da modalidade em todo o país, a tal “massificação”.

Exemplo

Nos últimos 36 anos, todos os campeões brasileiros saíram de apenas seis estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Com forte concentração de títulos feminino no Rio de em São Paulo. No masculino o domínio é de Minas e Santa Catarina. É como se não existisse a prática de vôlei no restante do país.

Além disso, a Confederação de Vôlei tem forte participação na gestão das rendas do vôlei, o que limita a expansão da modalidade que se ter a massificação Brasil afora.

Para incentivar o debate, leiam o que diz o regulamento da Superliga:

ARTIGO 9º – A CBV é a detentora de todos os direitos referentes a este campeonato e das receitas provenientes do licenciamento, inclusive os de captação, fixação e transmissão das partidas por televisão.

Enquanto isso …

A Confederação Brasileira de Basquete passa por dificuldades financeiras, a ponto fazer empréstimos bancários para pagar suas contas… Mas recebe recursos do governo e patrocínio da Eletrobras. E basquete tem muito apelo é, na minha avaliação, bem mais emocionante que o vôlei.

Algo está errado no basquete. Muito errado. Com a palavra o governo, que financia os ''negócios'' do esporte.

E, claro, os órgãos de fiscalização, Tribunal e Contas e Controladoria Geral da União.