Fifa ganha mais isenção fiscal e mão de obra gratuita na Copa
José Cruz
A Câmara dos Deputados concedeu mais um benefício à poderosa Fifa: isenção de pagamento do ISS (Imposto Sobre Serviços).
O projeto de lei vai ao Senado, onde será aprovado, e depois à sanção presidencial, pois é compromisso do governo para receber a Copa do Mundo.
A Fifa já havia recebido outras isenções. Por exemplo, está desobrigada de recolher em torno de R$ 560 milhões de Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, Imposto de Renda etc. Mas anuncia que terá lucro de US$ 3,5 bilhões com a Copa no Brasil
Também os organizadores dos Jogos Rio 2016 terão isenções, e só com esse evento o governo deverá deixar de arrecadar R$ 3,8 bilhões, segundo estimativas oficiais.
Enquanto isso …
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, está na Argentina incentivando o trabalho de “voluntários” na Copa das Confederações, Copa do Mundo, nos Jogos Olímpicos e Jogos Paraolímpicos. Ele recruta para trabalho gratuito.
Os voluntários deverão estar disponíveis para suar a camisa por 20 dias consecutivos em jornadas de até 10 horas diárias. Vão receber uniforme e sanduiches.
Nos Jogos Rio 2016 será a mesma coisa. Estranhas decisões.
Contrastes
O governo concede isenções bilionárias para poderosas instituições do esporte que vão faturar muita grana da televisão, com a venda de ingressos e dos patrocinadores e ao mesmo tempo usará o trabalho gratuito de quem deveria estar sendo remunerado.
E o governo incentiva essa prática explorando o momento de entusiasmo, de empolgação dos jovens com os megaeventos. É um abuso governamental vergonhoso.
O ministro Aldo Rebelo, que como deputado combate o trabalho escravo, torna-se de repente incentivador da mão de obra gratuita para poderosas empresas, que sairão do Brasil com os cofres abarrotados de dinheiro, sem recolher impostos ou pagar salários.
Como diz a expressão, o trabalho é para “voluntários”. Portanto, submete-se às regras quem quiser.
Mas diante dos contrastes do capital e trabalho a exploração é evidente.
E ainda falam em “legado”…