Em plena crise da CBF Governo estuda mais incentivos
José Cruz
A ''Lei do Calote'' está a caminho
O Palácio do Planalto analisa um projeto de incentivo fiscal aos clubes que adotarem “medidas saneadoras e de profissionalização de gestão”, segundo o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.
“A ideia é trocar tributos por bolsa para atletas de baixa renda, que receberiam treinamento, alojamento e assistência médica em troca das dívidas fiscais,” disse Aldo Rebelo, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.
O Discurso tem cheiro de “perdão de dívida”.
E a presidente Dilma, que enfrenta tormentas e fogo amigo de todos os lados, ainda abrirá as portas aos caloteiros do fisco?
Oitenta clubes de futebol devem R$ 2 bilhões aos cofres públicos, fora a dívida trabalhista. Esse é valor do calote ao INSS, FGTS e Imposto de Renda. E como o devedor sabe que o governo é “bonzinho” aí é que não paga mesmo! O benefício está a caminho.
Ideia
Há poucos dias o deputado Vicente Cândido sugeriu incentivo aos clubes de futebol, na forma de perdão de suas dívidas, desde que contribuíssem para a formação de atletas. Foi o que o companheiro Perrone batizou em seu blog de “Lei do Calote”.
O assunto ficou em silêncio por um tempo e agora vem em forma de projeto de governo. Inacreditável!
O ministro Aldo Rebelo sabe muito bem quem está do lado nessa gestão duvidosa do esporte. Mas mesmo assim é ousado a ponto de incentivar com recursos públicos como sugere.
Ninguém vai cumprir qualquer acordo, Ministro!
Cartola, em geral, não tem palavra. Os do futebol já participaram de quatro refinanciamentos das dívidas fiscais dos clubes e a maioria não honrou o compromisso.
Suspeitas
Em 2001 o presidente da CPI da CBF Nike, o deputado Aldo Rebelo conheceu os bastidores obscuros do futebol profissional, instituição suspeitíssima de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal e tantas outras falcatruas que a própria Comissão identificou através de quebras de sigilos bancário, contábil e fiscal.
E até hoje não houve mudanças na gestão. De tal forma que o futebol brasileiro se insere na maior lavanderia de dinheiro do mundo, como afirmou um grupo de estudos da ONU. E ainda não falamos das modalidades olímpicas…
Inoportuno
E nas mãos de quem esteve e está o nosso futebol?
Vejam aí:
Para não ser expulso do Comitê Olímpico Internacional (COI) acusado de corrupção, João Havelange demitiu-se de suas funções alegando problemas de saúde. E a investigação foi encerrada. Ele continua idolatrado pelos cartolas.
Em março deste ano foi a vez de Ricardo Teixeira se mandar da CBF. Mas não perdeu o salário…
O diretor de Seleções da CBF, Andrés Sanchez, também pegou o chapéu e, assim, escancarou a crise na entidade maior do futebol.
Ainda no cargo, o vice-presidente da CBF e presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero teve seus arquivos pessoais apreendidos pela Polícia Federal. E lá foi ele se explicar sobre suspeitas de trambiques muito graves. Mas nada a ver com futebol, entenderam?
José Maria Marin, presidente da CBF, foi vice do ex-governador de SP, Paulo Maluf, o deputado que não pode sair do país sob o risco de ser preso… Marin foi governador de 1982 a 1983, ainda no regime militar… Hoje é “o cara” do futebol brasileiro …
E é essa gente que o governo quer ajudar, apoiar, incentivar, a pretexto de que a indústria do esporte aumenta o PIB etc e tal?
Ora, a indústria se movimenta por conta própria, o esporte se encarrega de fazê-la crescer sem benesses do governo, diante de tantas carências públicas da população!
Sem ajuda o esporte já demonstrou seu potencial e é um dos segmentos que mais contribui para o crescimento do PIB.
Enfim, com esta notícia fica claro que o ministro mudou de lado, justo quando tem poderes para combater o trambique que ele mesmo sugeriu em seu relatório da CPI da CBF Nike.
É triste constatar tal realidade.