Eleição na CBDA: campanha em debate
José Cruz
Nos últimos 33 anos a CBDA teve apenas quatro presidentes, média de 8,2 anos para cada um. Mas o atual, Coaracy Nunes, está há 24 anos no comando. Três vezes acima da média. Isso incentivou apaixonados por desportos aquáticos a se mobilizarem para lançar oposição na próxima eleição, em março.
Mesmo afirmando que não disputará com Coaracy, o presidente da Federação Aquática Paulista, Miguel Carlos Cagnoni, tem discurso de candidato. Disfarçado, mas tem.
Nesta entrevista, o também experiente dirigente – Miguel dirige da Federação Paulista há 18 anos – diz que falta um trabalho integrado da CBDA com as suas filiadas para se ter mais eficiência na revelação de talentos.
Finanças
Relembrando o que já escrevi, entre 2009 e 2011, a CBDA recebeu R$ 32 milhões de recursos públicos: R$ 20 milhões de patrocínio dos Correios, R$ 6,3 da Lei de Incentivo ao Esporte e R$ 5,7 da Lei Piva.
Entrevista
O Senhor chegou a ter apoios para se candidatar à presidência da CBDA, mas isso não se concretizou. Qual o motivo?
Miguel – Não é o momento apropriado para isso. Acabei de vencer uma eleição que mobilizou 95% dos clubes filiados a esta Federação. Existem compromissos com a FAP que não foram concretizados e que como foram promessas de campanha que quero e como sempre o fiz cumprir o que prometo, já que sempre foram promessas palpáveis e que visam o desenvolvimento do esporte aquático paulista. Portanto, assumir esse compromisso de avançar à CBDA desvirtua o comprometimento do presidente da FAP frente aos seus filiados.
Para esse objetivo, o Senhor tem o apoio de quantas federações? Qual é o total de eleitores na assembleia da CBDA?
Miguel – Não sei lhe dizer o número de apoios que poderia ter numa eventual candidatura, pois até o momento isso não passa de um desejo de contribuir com o esporte aquático nacional. O número total de eleitores na assembleia da CBDA totalizam 27 que são o numero de estados, mais o Distrito Federal, que compõe a nação Brasileira.
A CBDA tem bons recursos financeiros. Na sua avaliação, os valores são suficientes para se formar uma equipe competitiva internacionalmente, que não se fixe em poucos nomes?
Miguel – Na minha avaliação sim, mas para isso seria necessário mudar o foco de objetivos que hoje é a de participação em todas ou quase todas as competições internacionais com os melhores atletas daquele momento. Isto é muito importante, mas não há um trabalho organizado em conjunto com as federações para uma constante revelação de novos talentos na formação e renovação dos atletas consagrados, nas bases estaduais.
Porque não temos uma equipe feminina de expressão?
Miguel – Recentemente a CBDA nomeou dois técnicos de expressão nacionais altamente capacitados para dirigir as seleções masculinas e femininas de natação, coordenados por outro profissional de extremo respeito no esporte natação. Portanto, os atletas que chegarem à seleção brasileira estarão na mão de gente muito capacitada. A meu ver a questão não está nesses atletas, nem nos profissionais que os irão dirigir na seleção e sim como gerar um número de atletas cada vez maior em condições de serem selecionados e aí eu retorno a resposta da pergunta anterior.
Pela sua experiência de dirigente estadual, quais são as prioridades da natação brasileira, atualmente?
Miguel – Eu estou absolutamente seguro em dizer que deveríamos ter um programa nacional de revelação de novos talentos e investimentos nas bases estaduais. Esse é um dos compromissos que assumi nas últimas eleições e que vou cumprir até o final desta gestão para o esporte aquático paulista. No entanto, a Federação Paulista, por sua grandeza, é quase uma confederação e sei que a maioria das demais federações nacionais lutam com dificuldades crescentes para se manterem vivas. São essas que merecem mais atenção.
Qual sua expectativa para a natação brasileira nos Jogos de 2016?
Miguel – Acredito que será bem melhor que em 2012. Primeiro porque o brasileiro é muito empolgado e o comportamento dos espectadores deverá ser quase que apoteótico. Isso já foi visto no Pan-americano de 2007. No entanto, olimpíada é outro nível de demanda técnica. Os competidores são extremamente gabaritados. Qualquer pessoa que acompanhe de perto a natação brasileira sabe que 60 a 70 por cento já estão definidos. Certamente surgirão novidades e espera-se uma boa participação deles. Mas, certamente será melhor que em 2012.
Para saber mais:
Um movimento nas redes sociais lançou recentemente a campanha “Muda CBDA”, que incentiva o surgimento de uma chapa de oposição.
https://www.facebook.com/MudaCbda
http://www.twitter.com/mudacbda