Governo ainda paga conta da candidatura Rio 2016
José Cruz
Conta de R$ 11 milhões subiu para R$ 13 milhões. Diferença foi paga pelo Ministério do Esporte, em maio
Três anos depois de o Rio ter conquistado a sede olímpica – em 1º de outubro de 2009, na Dinamarca, o governo ainda paga a conta da candidatura carioca.
Em maio deste ano, o Ministério do Esporte liberou R$ 2.193.079,21, complemento de uma conta bem maior: R$ 13 milhões.
O dinheiro foi para “serviços de consultoria internacional em megaeventos, altamente especializada, para coordenação do suporte técnico relacionado á fase de candidatura do Rio aos Jogos de 2016”, informa o portal da Controladoria Geral da União (CGU).
A notícia em detalhes foi divulgada pela Folha de S.Paulo, no sábado, pelos repórteres Filipe Coutinho e Leandro Colon.
Roteiro
Em 2008, em convênio com o COB, o Ministério do Esporte pagou R$ 11 milhões à empresa suíça EKS, especializada em consultoria internacional.
“Porém, o COB alegou que precisava repassar mais R$ 2 milhões para a EKS em razão de perdas cambiais dos pagamentos de 2009, quando o real se desvalorizou frente ao dólar em relação à cotação na qual foi baseada a proposta”, escreveram os repórteres.
''O mundo foi assolado por uma crise econômica sem precedentes'', argumentou o COB para o governo”.
Sugestão
Este episódio, recuperado pelos repórteres Filipe e Leandro, demonstra como ainda somos amadores na gestão esportiva.
Também por isso, precisamos, antes de mergulhar nos megaeventos, que já estão consumindo bilhõe$, ter um panorama detalhado do que é o Brasil Olímpico.
Precisamos de um perfil de quem é quem nas estruturas Comitê Olímpico e Comitê Organizador Rio 2016.
As duas instituições funcionam na mesma sede e são dirigidas pela mesma pessoas, Carlos Nuzman. Têm independência institucional, é verdade, mas essa intimidade na gestão e endereço confunde quem está do lado de fora.
E a quem cabe traçar esse perfil, analisar orçamentos, identificar valores e destinos em detalhes? À Controladoria Geral da União? Ao Tribunal de Contas? Ao Ministério do Esporte? Ao Congresso Nacional?
Porque, diante dos desmandos e desperdícios constatados pelo TCU no Pan 2007, que identificou gestão irresponsável em vários projetos, o “legado” da dívida olímpica chegou muito cedo. E, com transparência opaca, quem continua pagando a conta é o torcedor, alheio à festança.