Ex-piloto defende projeto Fittipaldi na Lei de Incentivo ao Esporte
José Cruz
Volta ao debate a Lei de Incentivo ao Esporte e a liberação de recursos para o neto de Emerson Fittipaldi, Pietro, que corre nos Estados Unidos.
O comentário em defesa do projeto é de um campeão da extinta Fórmula Ford, Luiz Garcia Jr, com rápida passagem pela Fórmula Indy e, atualmente, funcionário do Comitê Paraolímpico Brasileiro.
Como este blog é um espaço para debates, aí está a manifestação sobre tema que se tornou polêmico, porém pouco debatido pelo principal interessado, o contribuinte pagador de impostos.
Defesa com unhas e dentes
Por Luiz Garcia Jr.
Defendo com unhas e dentes a aprovação do projeto do piloto Pietro Fittipaldi, sim.
Primeiro por saber que não é um “investimento apadrinhado”. Conheço de perto o trabalho dos analistas da Lei de Incentivo ao Esporte (LIE), pessoas sérias e comprometidas com o desenvolvimento do esporte no país. Então antes de defender o projeto, começo defendendo as pessoas que os analisam, fazem as diligências necessárias e só aprovam se tudo estiver dentro da legalidade.
Segundo, não moro na Escandinávia, moro em Brasília e há anos trabalho em prol do esporte no país. Nessa área tenho conhecimento para falar, coloco minha cara aqui para opinar e estou aberto a debater com qualquer pessoa da área. Tenho credibilidade suficiente para isso.
Conheço bastante os problemas sociais e econômicos do meu país, mas a minha área de atuação é o esporte, e pelo esporte vou continuar batalhando em todas as frentes.
O país tem gente qualificada para brigar por melhorias na saúde, na educação, na segurança, etc. Não vejo o investimento no esporte como conflitante com as outras áreas, todas com muito mais recursos.
O esporte é uma forte ferramenta de apoio a todas essas outras áreas. Batalhei pela criação da Lei de Incentivo ao Esporte e vou continuar batalhando por mais investimentos nesse setor.
Absurdo, é ter de ler diversos comentários de pessoas que desconhecem a Lei de Incentivo, achando que o governo pagou para o piloto correr nos EUA.
A LIE, assim como a Rouanet, é uma renúncia fiscal por parte do governo federal. Aliás, é a mesma renúncia! É um dinheiro que o governo abre mão de receber diretamente, para que seja aplicado em uma área específica (no caso cultura, esporte e outros), em projetos aprovados dentro da lei que os regulamenta. Quem escolhe o projeto é o doador, a pessoa física ou jurídica.
Isso significa que no universo de trilhões de reais do orçamento federal, o governo nos dá a opção de direcionar uma ínfima parcela para o esporte.
Para quem gosta, pratica ou vive do automobilismo é importante a formação de novos ídolos. Se você não concorda, critique aqui o apoio que o Banerj, banco estatal, deu ao Ayrton Senna, afinal era recurso público para um rapaz de classe média alta fazer automobilismo na Inglaterra.
Perante a Lei e a nossa Constituição somos todos iguais. Temos todos os mesmos direitos. Independente de quem somos filhos, netos, sobrinhos.
Quanto aos comentários xenófobos e preconceituosos, não vou me dar ao trabalho de participar de discussão tão mesquinha. A LIE foi criada para contemplar a formação e o desenvolvimento nas mais diversas modalidades.
Não cabe a mim, aos senhores e nem aos técnicos do ME tentar “adivinhar” qual projeto vai ser um sucesso, qual vai realmente formar atletas, se eles serão campeões mundiais, olímpicos ou não.
E por último fica aqui todo o meu respeito pelo Emerson Fittipaldi, grande campeão dentro e fora das pistas. Um exemplo de brasileiro, que fez muito mais pelo país do que todos nós que aqui estamos comentando.
A meu ver o nome desse ídolo está sendo usado, de maneira vil, já pela terceira vez para gerar notícia. O piloto Pietro Fittipaldi, assim como qualquer esportista brasileiro, tem o direito de apresentar um projeto na LIE. O avô Emerson nada tem a ver com isso, e ninguém aqui tem condições ou conhecimento para julgar se ele pode ou não investir na carreira do neto.
Meu comentário
Em todos os artigos que publiquei que o projeto foi aprovado de forma legal, de acordo com as exigências da Lei. Tenho consciência disso.
Mas discordo que o dinheiro público seja aplicado em projetos estrangeiros em detrimento de nossas reconhecidas e históricas carências.
E isso ocorre porque não temos um plano definido para o setor, metas, prioridades, planejamento, apesar de o Ministério do Esporte existir há nove anos. Temos programas emergenciais, como esse para 2016.
Diante disso, é desperdício – e agressão à nossa fragilizada realidade esportiva – usar dinheiro de renúncia fiscal para financiar piloto de automobilismo.
Nossas prioridades são outras, que o governo desconhece. E, na prática, Caro Júnior, o governo paga, sim, para Pietro correr nos Estados Unidos. O dinheiro captado de renúncia fiscal não entra no cofre da União porque é destinado a um ''incentivo oficial''. Logo, é dinheiro público. E quem me garante isso são especialistas do setor.
Segue o debate.