Desafio ao Galo
José Cruz
Por Bernardo Scartezini
Do Correio Braziliense
Tu bem podes dizer que o Atlético Mineiro tentou dar uma incendiada no Brasileiro-2012.
Verdade. A vitória do Atlético sobre o Fluminense, no domingo passado, em Minas Gerais, foi um daqueles momentos sublimes do desporto. O triunfo da vontade. Um épico em noventa minutos que contou com todos os ingredientes das memoráveis batalhas futebolísticas: arbitragem polêmica, alternância no placar, bolas na trave, entrega coletiva, torcida em delírio e um gol de antologia no ultimíssimo instante.
Uma partida que, por uma justiça poética não muito comum aos campos de futebol, teve atuações destacadas & decisivas dos três melhores jogadores desta temporada: o arqueiro Cavalieri, o artilheiro Fred e o renascido Ronaldinho Gaúcho.
Foi lindo. Mas, me diz, quanto tempo durou esse incêndio? Três, quatro dias?
Logo na quinta-feira, o Flu recebeu o alquebrado Coritiba em casa e conseguiu mais uma de suas vitórias apertadinhas e exatas: 2 x 1. Pronto. Quando nem Fred, nem Deco aparecem para decidir, Thiago Neves e Wellington Nem dão conta da parada.
Chegamos a um momento tal, amiguinho, que não adianta o Atlético voltar a jogar o fino da bola. Não basta ao Atlético pastar o capim do Independência.
O Fluminense também tem que perder alguns de seus jogos daqui pra dezembro. Perder pontinhos não apenas para o Atlético ou para o Grêmio, como perdeu nas últimas semanas, em duas sensacionais pelejas. Agora, o Fluminense precisa perder pontinhos semanais, perder pontinhos constantemente, perder pontinhos até nesses joguitos meia-boca de meio de semana, perder pontinhos até diante de um Coritiba…
Danou-se, né?
De toda forma, diante dos últimos acontecimentos, uma perguntinha se impõe… Não seria, então, o momento de o Gaúcho voltar à Seleção?
Nunca foi simples a relação entre Ronaldinho Gaúcho e a Seleção Brasileira. Tomemos as duas últimas Olimpíadas como exemplo…
Para Pequim-2008, o Gaúcho foi convocado pelo excelentíssimo doutor Ricardo Teixeira em pleno Jornal Nacional. E o gentil Dunga teve de engoli-lo gostosinho, sem cara feia, por conta daquele seu exacerbado & contagiante senso de hierarquia.
Para Londres-2012, com a CBF sob “nova” direção, o Gaúcho foi praticamente banido pelo senhor José Maria Marín numa entrevista coletiva. E o cordato Mano Menezes, que até então vinha convocando o caboclo, teve de ligeiro mudar de ideia.
Se tu me perguntares, sempre direi que sou a favor do craque. Mas, depois dessas e de outras, me parece estar claro que fatores técnicos não são o suficiente para certos jogadores.
(Em tempo… Causa espécie a notícia de que os clubes do Rio de Janeiro não poderão concorrer na licitação pública que entregará o “Novo Maracanã à iniciativa privada depois de sua “reforma” drenar uma enormidade de dinheiro público. Quem mais do que Flamengo e Fluminense poderia se credenciar ao estádio? Não estaria o governo abrindo um flanco para atravessadores e oportunistas? E por que essa decisão só foi apresentada após a reeleição do atual prefeito do Rio, heim?)
Bernardo Scartezini escreve aos sábados no Super Esportes do Correio Braziliense