A indispensável CPI do dinheiro do esporte
José Cruz
O COB realiza amanhã mais uma homologação que perpetua no cargo o seu presidente, Carlos Nuzman, numa evidente falta de respeito à democracia, exaltação da ditadura e agressão à inteligência esportiva. E o governo federal paga a conta
A reportagem da ESPN sobre a invasão da sede da Confederação de Desportos no Gelo, comandada por Bernardo Chamis, gerente de compras do Comitê Olímpico, Bernardo Chamis, é um episódio gravíssimo e assustador.
A imagens exibidas nos remetem aos tempos da ditadura, quando os militares entravam em qualquer casa sem limpar as botas ou pedir licença. E ai daquele que não abrisse a porta aos invasores. Arrombavam, como fez Bernardo Chamis.
O COB ainda não explicou de forma convincente o episódio do roubo de arquivos da organização dos Jogos de Londres.
O COB é fartamente citado em processos do Tribunal de Contas da União relativos aos Jogos Pan-Americanos de 2007, cujos desmandos e irresponsabilidades com verbas públicas foram citadas pelo ex-relator Marcos Vilaça.
O COB realiza amanhã mais um ato de homologação que perpetua no cargo o seu presidente, Carlos Nuzman, numa evidente falta de respeito à democracia, valorização da ditadura e agressão à inteligência esportiva. E a festa eufórica da cartolagem é paga com recursos da Lei Piva, da Lei de Incentivo, do orçamento do Ministério do Esporte…
Nuzman, a propósito, é o dirigente que a presidente Dilma “está de saco cheio” e “com um pé atrás”, como me contou um assessor do Palácio do Planalto.
E como o mau exemplo vem de cima, a parte de baixo abusa. Na série de reportagens que a ESPN exibe, hoje ficamos sabendo sobre desmandos na Confederação Brasileira de Taekwondo, conforme denúncia do vice-presidente da Federação Mineira, Marcelino Soares de Barros.
A forma ousada como os cartolas estão agindo, afrontando, inclusive, os princípios da legalidade, da ética, da democracia e do respeito ao patrimônio alheio, não pode ficar impune. O Congresso Nacional, apesar do recesso, precisa se mobilizar para criar a CPI do Dinheiro do Esporte.
É inadiável uma varredura nessas contas, que ficam restritas aos controles esporádicos do TCU mas de transparência opaca. Uma CPI com quebra de sigilos fiscais e bancários, de entidades e cartolas, como fizeram com a CBF, há 10 anos.
O movimento o olímpico no Brasil, assim como no mundo, transformou-se num poderoso mas fechadíssimo clube, lucrativo para poucos e financiado pelo dinheiro do contribuindo.
Isso precisa ser investigado em detalhes, porque o olimpismo, inspirado nos princípios da democracia, da liberdade e dos debates livres está com sua moral totalmente abalada. É neste panorama que Nuzman domina o colégio eleitoral.
Leia mais:
http://blogdoperrone.blogosfera.uol.com.br/2012/10/senadores-defendem-investigacao-do-ministerio-publico-em-entidades-comandadas-por-nuzman/
http://esporte.uol.com.br/rio-2016/ultimas-noticias/2012/10/04/modelo-nuzman-de-gestao-gasta-435-da-verba-em-burocracia-e-centraliza-o-poder
http://blogdojuca.uol.com.br/2012/10/o-watergate-do-cob/
http://espn.estadao.com.br/noticia/285239_dirigente-de-minas-revela-suspeitas-sobre-confederacao-brasileira-de-taekwondo-e-diz-ter-sido-ameacado
http://albertomurray.wordpress.com/2012/10/04/o-nome-dele-e-bernardo-chamis/