Governo adia arrocho aos cartolas. Limitação de mandatos só em 2017…
José Cruz
Depois de fazer barulho e criar expectativas, o governo federal recuou no projeto de só liberar recursos públicos às confederações que renovassem suas diretorias e limitassem os mandatos a apenas uma reeleição.
Segundo um assessor do Ministério do Esporte, o ministro Aldo Rebelo reconheceu que não haverá tempo até dezembro para aprovar os projetos de lei que tramitam na Câmara e no Senado e, em seguida, as entidades esportivas promovam mudanças em seus estatutos e as tais eleições.
O prazo limitado tem outra agravante: para cumprir a meta do Plano Brasil Medalha 2016 (colocar o país entre as 10 potências esportivas do mundo) em janeiro próximo começarão a ser liberados os primeiros recursos às confederações.
Previsão
Na semana passada previ que teríamos um impasse na proposta governamental. Se as confederações batessem o pé, a quem o governo destinaria os recursos para preparar as equipes aos Jogos 2016?
Pois não foi preciso bater pé. Mais uma vez a dinastia da cartolagem sai fortalecida no confronto com o governo. Democracia no esporte brasileiro só daqui a cinco anos…
Alternativa
Os argumentos do governo são questionáveis, principalmente porque o ministro Aldo Rebelo criou expectativas sobre as mudanças, com declarações firmes e impositivas, no programa “Juca Entrevista”, em entrevista nas páginas amarelas de Veja e ao UOL. Agora, retroceder transmite a sensação de fraqueza.
Ora, se a intenção do governo é moralizar a gestão esportiva a presidente Dilma não precisaria esperar a aprovação de projetos de lei, mas editar medida provisória fixando normas para a distribuição de recursos públicos, entre elas a mudança imediata dos estatutos das confederações. E quem não se adaptasse, o Ministério faria parcerias com os clubes para desenvolver o seu projeto.
Isso não seria autoritarismo, intromissão nem falta de democracia, mas a determinação firme de um governo que é o financiador do esporte, porém sem contar com gestores eficientes, em geral, determinados a fazer o país evoluir no setor.
Projeto
No domingo, o repórter Gustavo Marcondes publicou sobre o assunto, no Correio Braziliense, lembrando que um dos projetos de lei é do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). A proposta, de fato, se arrasta no Senado e ainda precisa ser discutida e votada na Câmara dos deputados.
Dureza
O senador Cristovam Buarque tem um projeto de lei similar que aguarda cinco anos para entrar na pauta de votação das comissões.
“Meu projeto não é exclusivo para dirigente esportivo. É mais abrangente e limita em cinco anos os mandatos de todos os cargos eletivos, com direito a apenas uma reeleição inclusive de deputados, senadores, vereadores, líder sindical etc”, explicou Cristovam.
E qual a sua expectativa, senador?
– Mínima, porque meus próprios pares são contrários à proposta -, diz ele em tom desanimado.
Ex-ministro da Educação no governo Lula – foi demitido por telefone, lembram? – Cristovam Buarque tem outro projeto de lei que provoca arrepios nos políticos em geral.
“Filho de parlamentares, municipal, estadual ou federal tem que estudar em escola pública”!
E…?
“Esse mesmo é que nunca vai ser votado…''