Blog do José Cruz

Política de esporte: o jogo do blá…. blá…. blá….

José Cruz

Volto à entrevista do ministro Aldo Rebelo a Juca Kfouri, sábado à noite, quando afirmou que teremos uma política de esportes.

Então, não temos a tal política, que seu antecessor, Orlando Silva – hoje perambulando pelas ruas de São Paulo, catando votos para sua eleição de vereador – afirmava existir.

A enganação é explícita. E lembro que o PCdoB comanda o Esporte há nove anos…

Equipamentos

Disse o ministro que “temos carência de equipamentos e que o governo implantará cinco mil quadras e outras cinco mil serão cobertas em escolas públicas.”

Pois o Orçamento da União deste ano reservou R$ 1 bilhão para esta ação. No entanto, nem 10% foram aplicados até agora, final de agosto, a cinco meses de acabar o ano, conforme revelou Contas Abertas, em recente reportagem que aqui publiquei. Na verdade, o governo conseguiu gastar apenas… 8,5% do dinheiro disponível.

Disse mais o ministro Aldo:

Que o governo levará uma pista de atletismo oficial a cada cidade.

Mas não disse se ali teremos professores, técnicos, equipamentos, barreiras, dardos, discos, pesos, varas etc.

A 1 km do prédio do Ministério do Esporte está a Universidade de Brasília. Na faculdade de Educação  Física as duas pistas de atletismo estão abandonadas há anos…

No mesmo “Centro Olímpico”, as duas piscinas estão desativadas há quatro anos. Repito: quatro anos de reparos. Até hoje permanecem vazias. Isso numa faculdade de Educação Física!!!

No sábado passado, o Correio Braziliense abriu uma série de reportagens sobre o “atletismo”.

Os autores, Ana Cláudia Felizola e Vitor Moraes, começaram a série por Brasília. Assim:

Coisa de amadores

“A cidade, que, desde Joaquim Cruz sempre respirou atletismo, hoje é um retrato do insucesso da modalidade em Londres

No domingo, dizia:

Segunda reportagem da série sobre a decadência do Atletismo em Brasília e no país mostra que a falta de qualificação profissional contribui ainda mais para a ausência de novos talentos e, consequentemente, de resultados

Por isso – e com o devido respeito ao esforço que o ministro Aldo faz para tentar colocar o trem na linha – desconfio dessa “política” que está por vir

Se ela não foi construída com a participação dos ministérios da Educação e da Saúde continuaremos na estaca zero.

A política não pode ser de ministério, mas de Governo. E nessa medida entra, prioritariamente, a qualificação dos professores para a imediata prática de educação física nas escolas públicas.

Antes de “construir” atletas, precisamos criar uma consciência esportiva, uma cultura que não seja exclusiva do futebol. E isso é fundamental para o país que receberá os Jogos de 2016.

Pessimismo

Lamentavelmente estou pessimista neste sentido, mas espero que esteja errado ao final de tudo e aqui possa vir me retratar.

Porém, está claro o atraso em que nos encontramos.

Diante disso, o  Brasil precisa de dois planos para o esporte: um emergencial, para evitar o vexame em 2016.

Outro de longo prazo, mas esse só vingará com medidas de governo e não de ministério que, na prática são de partido. Se for assim, continuaremos perdidos.

E se não temos a tal ''política'' até hoje foi por incompetência dos antecessores de Aldo Rebelo, Agnelo Queiroz e Orlando Silva. Eles realizaram três Conferências do Esporte, de onde saíram decisões que eram justamente para isso, nortear as medidas de governo. Gastaram muito dinheiro para nada. Mas um deles, Agenlo, se elegeu governador do Distrito Federal, e o outro, Orlando, quer fazer carreira política começando pela vereança, em São Paulo.

E agora, vai?