Esportes: a elite e os excluídos
José Cruz
Estou curioso para a entrevista do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a Juca Kfouri, hoje às 21h, na ESPN.
Aldo antecipou medidas voltadas para a “democratização do acesso à prática esportiva”, como anuncia Juca, em seu blog
Imagino que as medidas tenham como meta o melhor desempenho brasileiro nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016. Vamos ver.
Enquanto isso…
Já que o ministro falará sobre a “democratização” do esporte, volto à mensagem anterior deste blog, em que o sociólogo Eduardo Manhães abordou o tema, diante do volume de verbas públicas concentradas no alto rendimento, na elite.
Não foi uma manifestação isolada ou de ocasião, mas de 1983, quando Manhães concluiu seu mestrado na UFRJ e publicou o livro “Política de Esportes Brasil” (editora Graal).
Nesse livro, o autor demonstra que, já na época de seu estudo, há três décadas, portanto, os recursos públicos eram direcionados prioritariamente para a cúpula do esporte, para a elite. E se mantém assim até hoje.
Ao contemplar a elite, o governo ignora os excluídos do esporte, que estão também na base, na iniciação.
E por falar em “excluídos” do esporte, cito Jacques Généreux, do Instituto de Estudos Políticos de Paris, em seu livro “O horror Político” (Ed Bertrand Brasil), referindo-se às ações sociais de governos:
“Se ainda existe algum interesse pelos “excluídos”, pelos pobres, em suma, pelos “inúteis”, é pelo fato de ainda serem eleitores. Mas o que aconteceria se não vivêssemos mais em democracia?”
E o que era o “Segundo Tempo” se não um projeto social para “excluídos”, mas de fortíssimo apelo eleitoreiro e, por isso, com graves focos de comprovada corrupção?
Enfim, que venham as propostas do ministro Aldo, para sabermos se reduzirão a distância entre “elite” e os “excluídos” do esporte no proveito da verba pública.