Blog do José Cruz

Arquivo : julho 2012

Governo investiu R$ 1,2 bilhão na equipe que vai aos Jogos de Londres
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José Cruz

 

Com o encerramento do Troféu Brasil de Atletismo, neste domingo, o Brasil esportivo fechou a delegação para os Jogos Olímpicos de Londres.

Inscritos em 27 modalidades, serão 258 atletas, 19 a menos que os Jogos de Pequim-2008, segundo reportagem no UOL Esporte.

Investimentos

A preparação dessa equipe custou mais de R$ 1,1 bilhão, em números redondos, aos cofres públicos.

O dinheiro, distribuído nos últimos quatro anos entre o Comitê Olímpico Brasileiro e as confederações esportivas, saiu das seguintes fontes:

FONTE

R$

Lei de Incentivo ao Esporte

28.849.211,00

Ministério do Esporte

30.122.009,00

Patrocínio de sete estatais

702.160.000,00

Lei Agnelo Piva

413.000.000,00

TOTAL

1.174.131.220,00

 

Considerações

Nesse total não estão os valores da Lei Agnelo Piva de janeiro a junho deste ano, pois não estão disponíveis.

Com referência aos patrocínios das estatais (Banco do Brasil, Caixa, Correios, Petrobras, Infraero, Casa da Moeda, BNDES e Eletrobras)  tomei por base os valores oficiais de 2010/2011, multiplicado por quatro anos (2009 a 2012), pois não recebi os valores atualizados de 2012.

Assim, considerando que algumas estatais aumentaram os patrocínios para melhor preparar as equipes aos Jogos Olímpicos de Londres, com certeza o valor deve ser superior aos R$ 702,1 milhões aqui registrados. Estou trabalhando para trazer os números oficiais.

Os recursos do Ministério do Esporte foram repassados através de “convênios”, isto é, para o desenvolvimento de projetos específicos e estão registrados no Portal da Transparência.

Na Lei de Incentivo ao Esporte considerei apenas os “valores arrecadados” pelo Comitê Olímpico Brasileiro e Confederações, conforme números oficiais do Ministério do Esporte.

Finalmente

Há outra fonte de financiamento do governo ao esporte de alto rendimento, a Bolsa Atleta, que anualmente destina R$ 40 milhões, sendo que em 2012 deverá chegar aos R$ 60 milhões, contemplando mais de três mil competidores.

Porém, não considerei tal valor porque nesse total estão incluídos atletas de outras categorias, além dos de alto rendimento.

Em resumo, o Brasil Olímpico teve média de R$ 300 milhões anuais para preparar a delegação aos Jogos de Londres.  O resultado desse investimento saberemos entre 27 de julho e 12 de agosto.


O que R$ 348 mil significam para o esporte?
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José Cruz

Município de 12 mil habitantes do interior de Minas recebe a metade do dinheiro que Ministério do Esporte doou à UNE e constroi clube para comunidade

Nos últimos 12 anos,  acompanho, como repórter e dentro do possível, a origem do dinheiro público para o esporte e sua aplicação. E bato na tecla da sobra de recursos – humanos e financeiros –  e falta de uma política pública para o setor.

Foram esses, em resumo, os temas que abordei nas duas recentes palestras nos cursos de Educação Física e Jornalismo do Centro Universitário Sul de Minas (Unis), na acolhedora Varginha, convidado também pelos amigos do Jornal Podium.

Bons resultados

Por isso, surpreendo-me quando encontro projetos bem-sucedidos. E não posso deixar de divulgá-los. Nem tanto elogiar, porque ser gestor sério do bem público é obrigação de todo político.

Mas é preciso reconhecer que, Brasil afora, há projetos bem executados, e isso nos faz acreditar ser possível ter um país dirigido com ética, sem roubos ou trapaças.

Exemplo

Na recente visita a Varginha, visitei ali do lado Monsenhor Paulo, com pouco mais de 12 mil habitantes.Foi nessa cidadezinha que conversei com o prefeito Pedro Pagani. Ele passeou comigo pela cidade como a exibir o balanço de sua gestão, que chega ao final em dezembro.

E por não ser possível se candidatar à reeleição, fico à vontade para revelar que conheci um político que realiza. Portanto, o que escrevo não tem perfil de propaganda fora de época, mas observação de um anônimo cidadão de Monsenhor Paulo.

Poderão argumentar que a cidade é pequena e, por isso torna-se mais fácil a administração. Não importa o tamanho do município, mas a seriedade da gestão do bem público, fazendo retornar a população, em serviços, os impostos pagos.

Porém, o que me chamou atenção nessa visita foi o “clube” que o prefeito construiu na cidade. Em área privilegiada e com apenas R$ 348.715,00 o espaço ganhou academia ao ar livre, campo de futebol society, duas quadra de tênis (ainda em construção), piscina, ginásio, pistas para caminhada e uma para a prática de skate, enfim.

Detalhe

A parcela maior para esses investimentos, R$ 243.750,00, veio do Ministério do Esporte. Exatamente. O restante foi participação da Prefeitura e empresas da comunidade. Eu, que tanto denuncio desmandos em projetos dessa pasta, posso, enfim, garantir que conheci um projeto público bem-sucedido. E devem ter tantos outros, Brasil, afora.  A cidade não tem outro espaço para lazer, cinema, shopping, nada! Logo, o clube é um local para a população se encontrar e praticar sua atividade física, para a garotada disputar suas competições que são coordenadas pela Secretaria de Esportes.

Contraste

O dinheiro que o Ministério do Esporte destinou a esse município mineiro é praticamente a metade do que enviou para a União Nacional do Estudantes “realizar” os Jogos de Verão, no ano passado. O evento carioca, como se sabe, foi um artifício para aplicar o recurso em outros gastos, como aqui denunciei.

Faço esse registro de Monsenhor Paulo com duplo objetivo: demonstrar o contraste entre a boa destinação e o desperdício do bem público.

Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2006, concluiu que para cada dólar que a administração pública investe em atividade física popular tem retorno de US$ 3,4. Isso volta em forma de melhora do rendimento das crianças na escola, na queda das reprovações escolares, melhoria na qualidade de vida e da saúde da população e, por isso, menor acesso aos serviços públicos de saúde. Isso não é teoria, é resultado efetivo de um estudo da ONU. A regra vale para o Brasil.