Blog do José Cruz

Arquivo : julho 2012

Novidade olímpica: Nuzman não quer comprar medalhas…
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José Cruz

O presidente do COB, Carlos Nuzman, minimizou o debate sobre investimentos públicos no esporte e a cobrança de medalhas.

 “Não estamos comprando medalhas, e sim fazendo um trabalho sério”.

De fato. O desenvolvimento esportivo não se avalia apenas pelas conquistas de medalhas olímpicas.

Campeonatos mundiais, juvenis, escolares e universitários, classificação para a fase final dos eventos e competições internas tecnicamente fortes também são parâmetros do potencial de um país.

Memória

A manifestação de Nuzman é diferente da de 12 anos atrás.

Em 2000, nos Jogos de Sydney, quando não conquistamos medalha de ouro, ele afirmou, na coletiva final:

Me deem recursos que transformo o Brasil num país olímpico”. Disse isso mais vezes ao longo da década.

E o dinheiro chegou. Principalmente a partir do governo Lula, que assumiu o esporte como questão de Estado. Porém, só na abertura do cofre, porque na gestão é um fracasso, mesmo tendo um ministério específico.

Como estamos?

Chegamos ao quarto dia dos Jogos de Londres e repetimos Jogos passados: dependência dos poucos nomes: Cielo, Scheidt, Murer, vôlei, futebol… Vamos ver se o atletismo ajuda.

Tivemos dinheiro nos últimos três ciclos olímpicos (mais de R$ 2 bilhões neste último período). Mas falta renovação à altura da competição.

O vôlei é exemplo neste trabalho. Se não conquistar medalha não quer dizer que a modalidade fracassou. Tem estrutura e saberá se recuperar. Tênis de mesa vai no mesmo caminho.

O judô seguiu a regra. Não ficamos dependentes do campeão Leandro Guilheiro. Numa delegação de 14 atletas duas medalhas já foram garantidas com jovens judocas. A pressão não ficou concentrada em poucos e “famosos” nomes.

Já na ginástica…

Antes de anunciar que o Brasil esportivo terá mais dinheiro para ganhar mais medalhas nos Jogos Rio 2016, o ministro Aldo Rebelo precisa ter estrutura técnica em seu gabinete para, com segurança, dar direcionamento à grana e, aí sim, cobrar resultados.

Precisa ter um programa de Governo e não de ministério, como ocorre, porque, cada ministro que lá aporta (e já foram três) dá novo direcionamento ao esporte. Não temos planejamento integrado, metas ou prioridades.

São correções urgentes, indispensáveis para resultados de longo prazo e não imediatistas, como 2016.

Hierarquia

As palavras de Nuzman são contraditórias e demonstram que falta comando ao esporte brasileiro. Falta hierarquia, pois na gestão do esporte o ente político confunde-se com o privado. Um entra com o dinheiro o outro com os programas, mas sem entrosamento.

Não compete ao COB formar atletas. Não compete às confederações formar atletas. Há um desperdício de espaço nos clubes e os recursos humanos estão aí, sem ninguém para explorar porque nos faltam programas específicos.

Correções que passam, obrigatoriamente, pela massificação do esporte, pelo melhor aproveitamento da estrutura clubística, pela atualização dos técnicos, pela inclusão do saber universitário no sistema olímpico, pela valorização da escola e seus profissionais. Medidas, enfim, para que as críticas e cobranças não recaiam exclusivamente sobre os atletas.

Avaliação

E, antes de dizer que o Comitê Olímpico não compra medalhas – e seria uma vergonha se isso ocorresse  – Nuzman deveria promover uma rigorosa avaliação nas relações com as demais entidades esportivas. E, pelo diálogo, levar ao Ministério proposta de trabalho integrado.

Como está não adianta muito dinheiro nem hospedagem dos atletas no confortável Crystal Palace.

O problema é mais embaixo e está nas mãos dos Senhores! A propósito, qual é a participação do Conselho Nacional do Esporte nessa história? E da Conferência Nacional do Esporte?


O peso da medalha e jogo da frustração olímpica
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José Cruz

Depois de um início meteórico, o esporte olímpico brasileiro deu uma esfriada. E chegamos ao terceiro dia de competições com a sensação de que já vimos este filme.

Inicialmente, sugiro a leitura do artigo do psiquiatra Roberto Shinyashiki, que começa assim:

A colheita de medalhas que o Brasil fez no primeiro dia dos Jogos Olímpicos de Londres pode criar um problema para os atletas: a obrigação de ter de subir ao pódio porque parece ser fácil essa façanha.”

E termina assim:

Vamos comemorar as vitórias com muita paixão, mas sempre ter em mente que a realidade vai prevalecer.”

E qual é essa realidade?

Na minha opinião, a realidade é, também, da limitação de pódios. E foi o próprio presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Nuzman, que assim se manifestou, ao afirmar que nossos atletas deveriam repetir o desempenho de Pequim 2008: 15 medalhas.

Em decorrência, é nesse contexto que entra a pressão do próprio atleta sobre a necessidade de um bom resultado.

Tradicionalmente, temos poucos nomes favoritos ao pódio. A responsabilidade não se dilui entre 100 competidores, por exemplo. A  exigência de pódio torna-se maior, mas concentrada em uma minoria. Exigência a partir do próprio atleta, do técnico, familiares, imprensa e torcedor em geral.

Por exemplo, com que nivel de pressão muito íntima Daniele Hypolito entrou na área de competição, depois de ver seu irmão, Diego, fora do evento devido uma queda?

Naquele momento, Daniele sabia que o primeiro resultado negativo de um tropeço olímpico – além da frustração da ausência do pódio – é a perda da Bolsa Atleta, benefício do governo federal que rende R$ 3.100,00 a cada um dos ginastas. Apoios financeiros e patrocínios outros desaparecem, pois a visibilidade do atleta, sem a valorizada medalha, cai repentinamente. É o lado oposto do momento da glória.

Uso este exemplo por ser o mais recente, mas não é único em nosso esporte.

É nesse contexto que o governo federal precisa agir, principalmente com os atletas em fim de carreira.

Depois de financiá-los por vários anos, com recursos de diferentes fontes – estatais, Lei de Incentivo, loterias etc – não é possível abandoná-los imediatamente ao resultado olímpico negativo.

Se o Estado assumiu o esporte de alto rendimento como compromisso oficial e nele investe expressivamente, não pode ignorar que o principal agente nesse contexto – o atleta – tem limitações fixadas por resultados e, principalmente, pelo tempo de competição.

Portanto, cuidar do patrimônio humano ao fim de carreira, orientando-o, inclusive, para atividades afins com a modalidade que praticou, é obrigação, para que não se tenha ex-ídolos social  e moralmente frustrados.

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Comitiva de Dilma em Londres custou R$ 900,1 mil
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José Cruz

A estadia da comitiva da presidente Dilma Rousseff em Londres, para acompanhar a abertura dos Jogos Olímpicos, custou R$ 900,1 mil aos cofres públicos.

A delegação presidencial hospedou-se no The Ritz London Hotel, um dos mais luxuosos da Europa.

A notícia, publicada pelo Contas Abertas, está aqui

 


Política brasileira tropeça no jogo da diplomacia olímpica
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José Cruz

Em conversa com jornalistas, nas ruas de Londres, a presidente Dilma Roussef foi indelicada ao comentar a solenidade de abertura dos Jogos Olímpicos:

Gostei, mas vamos fazer melhor. Vamos chamar uma escola de samba e vamos e abafar

Pior

O presidente da Câmara, deputado Marcos Maia, também foi grosseiro:

Os nossos `Joãozinhos Trinta` são muito melhores que esses aqui...”

Já o ministro…

Aldo Rebelo voltou a pisar na diplomacia das relações internacionais:

Dá para fazer algo bem melhor que eles…”

Prepotência

Somos muito mais criativos”, encerrou Marco Antonio Raupp, ministro da Ciência e Tecnologia.

Carisma

Com o devido respeito, mas é falta de educação ser convidado para uma festa e criticar o que foi oferecido pelos anfitriões. Não é exemplo que orgulhe o carisma brasileiro, internacionalmente reconhecido.

Cadê a diplomacia, a humildade e o fair play?

Tais declarações, prepotentes, envergonham nas relações de civilizadas que a Olimpíada sugere.

Treinem, por favor, para que tenhamos uma delegação política mais polida nos Jogos do Rio de Janeiro.


Londres 2012: domingo para esquecer
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José Cruz

Depois de uma estreia fantástica, ontem, com três medalhas, ficamos sem pódio na manhã londrina de hoje.

Nenhum nadador brasileiro passou às semifinais. Nem nossos judocas avançaram, ficaram nas eliminatórias

Natação

Sem Cesar Cielo, poupado, o revezamento do Brasil terminou em nono lugar os 4×100 livre. No quarteto da Austrália nenhum velocista foi poupado. Fechou a série em primeiro. Nos 100m costa feminino, Fabíola Molina foi penúltima. Daniel Orzechowski foi 28º tempo nos 100m costas.

Ginástica

No solo, Daniele Hypolito repetiu o irmão e caiu. Ficou em último. Daiane dos Santos fez boa apresentação e  foi primeira na bateria.

Remo

Fabiana Beltrame e Luana de Assis ficaram em último no duplo skiff e vão para a repescagem.

Judô

Vice-campeão mundial de judô em Tóquio (2010) e Paris (2011), 5º do ranking mundial Leandro Cunha era um dos favoritos na meio-leve (- 66kg). Foi eliminado pelo polonês Pawel Zagrodnik na primeira luta e ficou fora da repescagem.

Erika Miranda, quarta do ranking mundial (-52kg)  perdeu para a sul-coreana Kyung-Ok Kim, também na estreia.

Seguinte:

Entusiasmado com a partida inédita em Olimpíada, o ministro Aldo Rebelo anunciou que o Brasil esportivo terá mais recursos até 2016.

Continuaremos no ciclo do “cofre liberado”, mas eu insisto nas perguntas elementares, já que o dinheiro é público…

– O Ministério fará uma avaliação de desempenho por modalidade?

– Nessa avaliação, o desempenho dos dirigentes-gestores também será considerado?

– Afinal, porque tantas desavenças, contusões e quedas na ginástica, modalidade que vinha em evolução?

Rio 2016

A situação é a seguinte: não há mais tempo para “descobrir” ou “formar” atletas.

Isso quer dizer que, para 2016 teremos que contar com os novos nomes que surgirem em Londres e os juvenis que se destacaram em campeonatos mundiais.

E para ficarmos em 10º, meta do Ministério e do COB, precisamos conquistar medalhas em seis novas modalidades…


Aldo Rebelo ignora fair play Olímpico e ironiza Marina Silva
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José Cruz

O  ministro do Esporte, Aldo Rebelo, ironizou a participação da ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no desfile de abertura dos Jogos de Londres, repercutindo, quem sabe, momento  de arrogância política do governo.

Marina sempre teve boa relação com as casas reais da Europa e com a aristocracia europeia. Não podemos determinar quem as casas reais escolhem“, ironizou.

E o fair play ministro? Só porque ela é adversária política?

No lugar da inveja, o governo deveria se orgulhar de ter uma defensora das florestas homenageada num evento olímpico.

Foi uma declaração inoportuna, grosseira e nada diplomática.

Principalmente por ter vindo de uma autoridade do país que receberá os Jogos em 2016. Muito feio, mesmo.


Londres 2012: ouro e bronze, o dinheiro, enfim, faz a diferença
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José Cruz

Primeira manhã dos Jogos de Londres e o Brasil mostra sua cara, com duas medalhas no judô: ouro para Sarah Menezes, primeira campeã mundial junior brasileira e, agora, primeira campeã olímpica; e bronze com com Felipe Kitadai.

Depois de Maurren Maggi, ouro no salto, em 2008, Sarah entra para a história do olimpismo feminino do Brasil.

Liderança

Com os pódios, o judô chegou a 17 medalhas e passou a vela, até então a modalidade que com maior número de conquistas olímpicas, 16.

Nas contas do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, faltam 18 medalhas para o Brasil chegar à meta por ele fixada, 20.

Pela contabilidade do COB faltam 13…

Referências

Durante muitos anos o vôlei foi referência de estrutura e organização para que tivéssemos renovação adequada nas equipes principais.

Agora, o judô mostra que está no mesmo nível. Foi para Londres com atletas classificados em todas as categorias, masculino e feminino, fato inédito no país, nessa modalidade.

Desde 2005 a Confederação Brasileira de Judô é patrocinada pela Infraero.

Em 2011, a CBJ contava com 11 patrocinadores e orçamento perto de R$ 30 milhões, segundo o Blog de Erich Beting. Além dos recursos da Lei de Incentivo, Lei Agnelo Piva e repasses do Ministério do Esporte.

Investimentos,  planejamento e muitas competições internacionais. O judô mostra evolução e se fixa como uma das principais escolas mundiais.


“O jogo não é para todos”
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José Cruz

A realização de grandes eventos é útil para o capital, mas não é necessária do ponto de vista do interesse público“. Antropóloga norte-americana critica a maneira como governos dão prioridade a investimentos privados em eventos como a Olimpíada

Ótima edição da revista EU & Fim de Semana, do jornal Valor desta sexta-feira, com reportagens sobre os Jogos Olímpicos.

Destaquei a entrevista de Carla Rodrigues com a antropóloga norte-americana, Ida Susser.

De interesse dos brasileiros, em geral, e dos paulistanos e cariocas, em particular, Ida Susser estuda as transformações urbanas orientadas pelos investimentos em megaeventos esportivos, como a Copa do Mundo e a Olimpíada. Nesta entrevista, ela critica a maneira como governos dão prioridade a investimentos em áreas turísticas e relegam comunidades pobres à invisibilidade, numa agenda pautada pelos interesses do capital privado que descaracteriza o ambiente urbano: “A realização de grandes eventos é útil para o capital, mas não é necessária do ponto de vista do interesse público“.

A entrevista está aqui

Na mesma edição:

Salto para o padrão-ouro os investimentos e as transformações no esporte brasileiro

O senhor do mar e dos ventos – entrevista com Lars Grael

 


Dilma lidera em Londres time de 67 “servidores olímpicos”
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José Cruz

O governo brasileiro está instalado em Londres. Com uma comitiva de 67 pessoas, a burocracia nacional faz a indispensável diplomacia política-esportiva e se preparara para ser a anfitriã nos Jogos Rio 2016. É o momento de aprendizado para um evento inédito na história nacional.

Mas isso tem custos. Porém, longe da “transparência” anunciada, conhecer os gastos oficiais é trabalho de muitos dias.

Soube-se, por exemplo, que apenas o aluguel do gabinete da presidenta Dilma Rousseff, no Ritz Hotel London, custou R$ 50 mil.

Bobagem, perto dos R$ 30 bilhões de investimentos federais até a Olimpíada na Cidade Maravilhosa.

Mas não custa lembrar que o Brasil tem uma luxuosíssima embaixada naquela capital.

Alguns detalhes das despesas do funcionalismo brasileiro nos Jogos Olímpicos de Londres estão na reportagem de Dyelle Menezes, do Contas Abertas.


Brasil terá novo membro no Comitê Olímpico Internacional, em substituição a Carlos Nuzman
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José Cruz

Carlos Arthur Nuzman não é mais membro efetivo do Comitê Olímpico Internacional. Os integrantes que completam 70 anos são automaticamente afastados, e o COB deverá apresentar um nome para a sua vaga.

Entenda como a democracia funciona no principal órgão do olimpismo internacional.

Já no Brasil dirigentes se perpetuam no cargo, como o presidente da Confederação de Atletismo, Gesta de Melo, há 25 anos no poder.

Outros, ousados e abusados, mudam o estatuto para continuar a se dar bem, como fez Jorge Lacerda, da Confederação de Tênis.

E há os que acumulam cargos, como o próprio Nuzman, à frente do COB e do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016.

Quem explica sobre os bastidores do COI é o advogado Alberto Murray Neto, em seu blog.