Tênis: Ministério e Correios se omitem na investigação de denúncias
José Cruz
Da assessoria de imprensa dos Correios recebi a seguinte nota à consulta sobre as denúncias de falta de transparência e irregularidades na gestão de Jorge Rosa, à frente da Confederação Brasileira de Tênis:
“No momento, não haverá manifestação oficial dos Correios. Até a presente data, a empresa não foi notificada por nenhum órgão de controle ou de investigação, mas está à disposição para colaborar no que for necessário, caso seja demandada”.
Dupla omissão
Por telefone, assessora do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, também informou:
“Por enquanto, o Ministério não se manifestará sobre o assunto”
Diante dessas posições oficiais fica evidente a fragilidade do sistema de controle dos gestores públicos, que entregam aos órgãos maiores, TCU e CGU a responsabilidade de zelar pelo bem público que é, prioritariamente, compromisso dos repassadores de verbas.
Ao se omitirem de investigar denúncias feitas por um integrante da diretoria da Confederação Brasileira de Tênis, Arnaldo Gomes, que ocupa a segunda vice-presidência desde 2009, Ministério e Correios tornam-se cúmplice de possíveis irregularidades gravíssimas no uso do dinheiro público.
Pior:
Fica a dúvida sobre o teor dos contratos que essas instituições – Ministério do Esporte e Correios – firmaram com a CBT e outros órgãos beneficiados com dinheiro público.
Não há cláusulas determinando acompanhamento da aplicação das verbas? A norma é esperar pela fraude escancarada para, então, abrir investigações, criar comissões de inquérito, tomadas de contas especiais?
Se isso não é desleixo para com o patrimônio público é atraso administrativo gravíssimo.
As respostas recebidas sugerem estarmos diante de uma fiel e solidária relação entre amigos, pois nem as denúncias que envolvem investigações da Polícia Federal já intimida os possíveis transgressões.
Não se tratam de denúncias infundadas, mas provadas, comprovadas de suspeitas de fraudes na Confederação Brasileira de Tênis, cujos auditores de seus balanços financeiros também poderão ser responsabilizados pela fragilidade de suas análises.
O que nos espera?
O Brasil olímpico, de bilionárias contas pela frente, tem gestão do esporte dessa forma: de omissão dos seus financiadores e de agressão ao contribuinte, de onde sai o dinheiro para a festa dos espertos.
O caso da Confederação de Tênis soma-se a outros escândalos como o da Federação Paulista de Hipismo, do Segundo Tempo no Instituto Cidade, de Juiz de Fora, envolvendo, inclusive, um ex-diretor do Ministério do Esporte, da Federação Paulista de Xadrez, dos Jogos de Verão da UNE não realizados e por aí vai…
Cobrança
Só no ano passado, a Controladoria Geral da União cobrava a devolução de R$ 50 milhões de instituições beneficiadas com verbas do Ministério do Esporte. Corrupção comprovada.
E, assim, o esporte como instituição governamental insere-se, lamentavelmente, na extensão de escândalos políticos-partidários-financeiros que se sucedem na Esplanada dos Ministérios .
E o ministro Aldo Rebelo, de boas lembranças no desempenho parlamentar, fecha agora os olhos às barbaridades no uso do orçamento sob sua responsabilidade maior. Para a felicidade da cartolagem, imagino, que esfrega as mãos e dá gargalhadas de satisfação diante da inoperância dos órgãos que, omissos, os sustentam e silenciam.
É a inversão dos valores do esporte, instrumento também de educação para os jovens, mas que se torna, cada vez mais, alavanca política-partidária e alvo dos gananciosos por verbas e poder.
Porém, diante da triste e vergonhosa imagem de Lula curvando-se a Maluf, o que mais pode-se esperar de nossos governantes, do esporte, inclusive?
Enquanto isso…
o ex-ministro Orlando Silva intensifica sua campanha para se tornar vereador, na capital paulista…