Basquete: fartura e omissões
José Cruz
O jornalista Edgar Alves, com quem convivi em coberturas olímpicas, assina artigo nesta terça-feira na edição de Esportes da Folha de S.Paulo.
Edgar aborda sobre o balanço financeiro de 2011 da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), cujo resultado indica o caminho da falência fosse ela uma empresa privada, assunto que aqui já tratamos.
Edgar poderia ter dedicado seu artigo à terceira conquista nacional do time de Brasília, ontem. Mas preferiu analisar um tema grave, a gestão do esporte, principalmente porque a modalidade sobrevive de verba pública. E aí está a questão central.
Como se sabe quem organiza o Campeonato de Basquete é Liga Nacional de Basquete, através do Novo Basquete Brasil. A Confederação apenas chancela os resultados. Algo como ocorria no futebol entre o Clube dos 13 e a CBF.
Porém, quem é quem nessa parceria? A Confederação paga para que a Liga realize o certame? Quanto? E quem recolhe os impostos?
Paralelamente, não está clara como ocorreu a transferência da gestão técnica-administrativa da Confederação de Basquete para a Brunoro Sports, pois o presidente da Confederação, Carlos Nunes, ainda não se manifestou oficialmente sobre essa terceirização de serviços. E quanto a CBB paga para delegar o que é de sua competência?
Assim, com gestor terceirizado e organização do campeonato nas mãos da Liga Nacional, para que serve a Confederação Brasileira de Basquete?
E, nessa dúvida, para que fins o governo repassa verbas (foram R$ 17 milhões em 2011) à Confederação? Que programas, efetivamente, estão sendo financiados na base, sobretudo? A situação é tão frágil que o NBB reúne somente 18 clubes de apenas seis estados… Isso que é “Novo Basquete…”
O que se tem, de fato, é uma instituição frágil que dá aval a um negócio rentável (o campeonato brasileiro), que envolve verba de fortes patrocinadores, da televisão e do Estado, claro. É evidente a intromissão do Estado na iniciativa privada financiando o que não lhe compete e, pior, sem fiscalizar.
O Tribunal de Contas, a Controladoria Geral da União e o Ministério Público, já analisaram essa omissa função da CBB frente aos milionários recursos federais que recebe?
Enfim, está aí, de forma repetitiva, a evidência de que o Estado se mistura, cada vez mais, com esporte profissional, de gestão suspeita diante do balanço financeiro que apresenta.
É isso se repete ano a ano sem que o Ministério do Esporte, que tem a obrigação de ser fiscal ativo, questione os abusos e aberrações da gestão de Carlos Nunes.