Ministério do Esporte abre o cofre para o alto rendimento
José Cruz
Mesmo com o bloqueio de R$ 55 bilhões no orçamento federal deste ano, economia de dinheiro conhecida por “superávit primário”, para ajudar a pagar a dívida pública, o Ministério do Esporte foi pouco atingido pelas restrições e manteve fôlego para continuar sustentando o esporte de alto rendimento.
Nos cinco primeiros meses do ano a pasta do ministro Aldo Rebelo já liberou R$ 35,2 milhões para 11 instituições esportivas, reta final da preparação das equipes olímpica e paralímpica, rumo aos Jogos de Londres, a partir de 27 de julho, de olho na Olimpíada Rio 2016. Nos Estados Unidos a preparação é financiada pela iniciativa privada.
Divisão dos bens
O principal beneficiado no rateio do Ministério do Esporte, até agora, foi o Comitê Olímpico. Além dos R$ 11,8 milhões recebidos em 2011, teve o caixa reforçado com R$ 13 milhões este ano.
O recurso, desta vez é específico para contratar “serviço de consultoria internacional em megaeventos, altamente especializada”, rumo aos Jogos 2016. País sem problemas sociais é outra coisa!
Para o Comitê Paralímpico foram R$ 12 milhões para preparação da equipe que vai aos Jogos de Londres.
Confira:
BENEFICIADO | R$ |
Assoc. Desp. p/Deficientes | 657.150,00 |
Comitê Olímpico | 13.027.335,00 |
Comitê Paraolímpico | 12.057.292,00 |
Conf. Desportos Aquáticos | 1.196.000,00 |
Confederação de Taekwondo | 3.082.350,00 |
Confederação de Esgrima | 1.292.240,00 |
Confederação de Pentatlo | 982.995,00 |
Confederação Desp. Escolar | 554.000,00 |
Confederação Tiro com Arco | 950.907,97 |
Minas Tênis Clube/BH | 1.107.218,00 |
Tijuca Tênis Clube/RJ | 341.031,00 |
T O T A L | 35.248.518,97 |
E vem mais por aí. Em breve, novas divulgações.
Enquanto isso …
O Ministério da Saúde sofreu um bloqueio em seu orçamento – conhecido por “contingenciamento” – de R$ 5,47 bilhões.
País saudável é outra coisa!
Essa é a questão. Desde 2003 o governo fez a opção por assumir o alto rendimento e nele aplica muito dinheiro das estatais, da Lei de Incentivo, das loterias, do orçamento, enfim.
Mas faz isso, insisto, sem um plano que contemplasse, prioritariamente o desporto para todos, o desporto na escola.
Vamos para o alto rendimento desperdiçando os indispensáveis projetos sociais em comunidades pobres e a aplicação da prática da educação física escolar que, reconhecidamente, contribui para a formação do caráter dos jovens e a melhoria do rendimento no ensino.
Mas somos um país olímpico… O esporte elitizado é privilégio de poucos.