Fifa já admite que “legado” da Copa é bobagem. A farsa escancarada
José Cruz
O repórter Sérgio Rangel publica reportagem na Folha de S.Paulo, hoje, com uma declaração surpreendente de Jerome Valcke, o secretário da Fifa especialista em chutes no traseiro.
“Copa não mudará o país”, disse Valke, para quem só as arenas e os aeroportos são prioridades.
A declaração é o oposto de tudo o que o governo discursou até agora – desenvolvimento e legados – e demonstra a farsa que se transformou o megaevento de R$ 38 bilhões.
Porque, “diante do atraso das obras, a Fifa já admite que os projetos ligados à Copa não terão um impacto que altere a cara do Brasil”. disse Valke.
''O que precisamos, com certeza, são dos estádios. Precisamos também que os aeroportos funcionem, que as pessoas possam se locomover de uma cidade para outra. Mas não podemos pensar que um país mudará completamente em cinco, seis anos'', afirmou o dirigente.
Enquanto isso…
Ainda segundo o repórter da Folha, o ministro da Cidades, Aguinaldo Ribeiro, responsável pelos projetos de mobilidade urbana, afirmou que em outubro poderão ser excluídos do pacote da Copa projetos não iniciados.
''Se em outubro não tiverem sequer projeto ou se não tiverem sido contratadas, vai haver debate no governo para decidir qual será o encaminhamento nessas obras. Não havendo a contratação, acho que não haverá condição de ter execução dentro do período próprio'', afirmou.
Há projetos que estão com dois anos de atraso, como já divulguei, com base em cobranças do Tribunal de Contas da União.
Em decorrência, não há matriz de responsabilidade, isto é, não se sabe de onde sairá o dinheiro, se do governo federal, estadual ou municipal.
É a desordem institucionaliada da Copa e, agora, reconhecida pela entidade maior, a Fifa, que faz o governo recuar e admitir não ser preciso tanta obra…
Ou seja, as obras foram projetadas – no discurso, claro – por conta do Mundial de Futebol. Não que seja uma necessidade dos brasileiros em geral.
A farsa do “legado” do Pan 2007 se repete na Copa 2014. Agora, com antecedência de cinco anos.