Silenciaram o Baixinho
José Cruz
Romário, até agora o deputado com voz de maior ressonância para assuntos do futebol, atento fiscalizador dos desmandos nos gastos públicos com a Copa 2014, mudou de time.
Menos de 24 horas depois de ter declarado “que o Brasil passará vergonha, porque a Copa da mentira onde tudo será maquiado”, Romário aplaudiu nesta quarta-feira o presidente da CBF, José Roberto Marin, ao qual deu crédito explícito.
Depois de um discurso emocionado, em que narrou, inclusive, passagens de sua vida conjugal para demonstrar a importância que assumiu no cenário do futebol mundial, Marin apelou para Romário se juntar à equipe da CBF e fazer “a maior Copa de todos os tempos”.
Quem sabe emocionado com o que ouviu do cartola, Romário foi ao encontro de Marin e estendeu a mão. Depois, sorriu para os fotógrafos e fez a alegria de cinegrafistas.
Era o desfecho de relações opostas e a rendição da última resistência política de combate à CBF,representante dos que pedem jogo aberto e transparência financeira nas contas da Copa 2014.
Esqueceu-se Romário, sabe-se lá o motivo, que Marin era vice de Ricardo Teixeira. Marin integrou a equipe que levou RT sair pela porta dos fundos da CBF. Eram amigos, parceiros fieis que deram sustentação a um esquema suspeitíssimo de corrupção por muitos anos.
Nessa reunião de surpresas, Romário também contribuiu para dar mais alegria aos cartolas. Ao se posicionar na equipe da CBF, reforçou o time paulista que, sabe-se, tem eterna briga com a cartolagem carioca.
Gol duplo do Baixinho, mas cuja atuação deixou órfãos Brasil afora, os que apostavam na sua atuação independente, longe dos poderosos e, principalmente, de espertos cartolas.
Hoje, a CBF não precisa mais de uma “Bancada da Bola” – equipe de parlamentares que tirou Ricardo Teixeira de muito aperto. Mas se ela viesse a ser convocada, seria triste ver o Baixinho alinhado nesse time. Que pena!