Rumo a 2016: como jogar dinheiro pela janela
José Cruz
Esta análise, que trata de dinheiro público para o esporte, deve ser comparada com o post anterior, pois as informações contrastam com a realidade de atletas que pedem dinheiro na rua para se tornarem olímpicos.
Em 2008 o Ministério do Esporte pagou R$ 12 milhões por um projeto sobre “legado dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro”.
Hoje, quatro anos depois, a Confederação de Judô, turbinada também por verbas do Ministério, não tem R$ 14mil para financiar o treinamento do terceiro e quarto colocados do ranking brasileiro, candidatos em potencial à equipe 2016. A situação não é diferente em tantas outras confederações.
O dinheiro está aí
Em três anos – de agosto de 2008 a dezembro de 2011 – apenas o Ministério do Esporte aplicou R$ 96,6 milhões em projetos para a preparação das equipes olímpica e paralímpica aos Jogos de Londres, daqui a 98 dias, e os do Rio de Janeiro, em 2016. Média de R$ 32,2 milhões por ano.
A maior parte desse dinheiro, 57%, destinou-se aos Comitês Olímpico, Paralímpico e confederações, para financiar treinos, viagens, competições e melhorias de instalações.
Outros espetaculares 43% – R$ 41 milhões – foram destinados para apenas duas instituições, Fundação Getúlio Vargas e Fundação Instituto de Administração, que elaboraram projetos e estudos.
Mesmo com essa injetada de dinheiro público o Comitê Olímpico Brasileiro anuncia que não se espere evolução da equipe brasileira nos Jogos de Londres… Mas o discurso era de que a Lei Agnelo Piva, desde 2001 jogando grana nos cofres do esporte, seria “a redenção''…
Os projetos e valores estão no Portal da Transparência da Controladoria Geral da União.
ENTIDADE BENEFICIADA | VALOR | |
Fundação Getúlio Vargas | 19.113.000,00 | |
Fund. Instituto Administração | 22.198.178,00 | |
Confederção de Tênis de Mesa | 2.368.219,00 | |
Confederação Tiro Esportivo | 1.509.562,00 | |
Confederação Lutas Associadas | 1.015.188,00 | |
Confederação Hoquei s/Gelo | 1.195.000,00 | |
Confederação Desp.Aquáticos | 1.136.693,00 | |
Confederação de Vôlei | 8.279.855,00 | |
Confederação de Judô | 3.000.986,00 | |
Confederação de Handebol | 4.066.415,00 | |
Confederação de Ginástica | 7.214.803,00 | |
Confederação de Ciclismo | 2.708.240,00 | |
Confederação de Canoagem | 2.112.041,00 | |
Confederação de Basquete | 2.119.355,00 | |
Confederação de Badminton | 2.816.698,00 | |
Comitê Paralímpico Brasil. | 7.012.677,00 | |
Comitê Olímpico Brasileiro | 7.463.267,00 | |
Assoc. Vôlei Paralímpico | 784.670,00 | |
Secret. Esporte Rio de Janeiro | 575.789,00 | |
T O T A L | 96.690.636,00 |
Legado
Para consultoria sobre o legado dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e elaboração de plano estratégico da candidatura do Rio aos Jogos Olímpicos, o Ministério do Esporte pagou R$ 12,9 milhões à Fundação Instituto de Administração.
Fontes
Além do dinheiro do Ministério do Esporte, as modalidades olímpicas contam com recursos de sete estatais – Banco do Brasil, Caixa, Petrobras, Infraero, Eletrobras, Casa da Moeda e Correios –, da Lei de Incentivo ao Esporte, Bolsa Atleta e Lei Piva.
Candidatura
Em 2008, o Ministério do Esporte já havia desenbolsado outros R$ 90 milhões, custo da candidatura do Rio de Janeiro aos Jogos 2016.
Os gastos públicos da candidatura, em detalhes, estão aqui.
E daí?
Daí é o que se comenta aqui com frequência:
Quais as nossas prioridades para o esporte?
Onde entra o esporte escolar nessa gastança?
Que retornos efetivos temos diante dessas aplicações?
Quem responde pelos desperdícios públicos?
Será que Carlinhos Cachoeira salvaria o esporte brasileiro???