Rio 2016: Confederação de Esgrima presta esclarecimentos
José Cruz
Do presidente da Confederação Brasileira de Esgrima recebi a mensagem a seguir, em resposta à carta da mãe de um atleta, aqui publicada. Agradeço a manifestação e os esclarecimentos.
“Prezado J Cruz,
Com as nossas homenagens e após tomar conhecimento do documento encaminhado pela mãe de um jovem esgrimista, narrando às dificuldades do atleta e família objetivando a equipe olímpica de esgrima de 2016, me permita fazer algumas considerações:
1. Inicialmente gostaríamos de esclarecer que, em relação à esgrima brasileira, todos os seus atuais dirigentes se originam do meio esportivo da modalidade conciliando as suas atividades profissionais e a administração do nosso desporto e, com certeza, buscamos diuturnamente avançar e minimizar algumas situações anteriormente elencadas;
2. Quanto à vida financeira da CBE, hoje a Confederação Brasileira de Esgrima possui duas fontes de recursos, uma oriunda da Lei Agnelo Piva, tendo recebido entre as cotas distribuídas neste ano pelo órgão gestor a menor delas e a segunda oriunda de patrocínio da PETROBRAS através da Lei de Incentivo Fiscal;
3. De posse dos créditos destes recursos (e não numerário), elaboramos projeto de trabalho com um calendário anual de participação em competições, organização de competições nacionais e internacionais e participação em “campings trainings”, priorizando em razão dos recursos disponibilizados aqueles atletas que poderão contar com parte destes recursos. Tal decisão não tem origem paternalista e a convocação da equipe representativa da esgrima brasileira se dá em função de um ranking nacional, cujas regras são previamente discutidas e divulgadas entre as federações estaduais e os Clubes filiados antes de validarmos e adotarmos tais critérios;
4. Algumas competições têm de ser priorizadas haja vista que os resultados nelas obtidos traduzem em uma melhor participação nas cotas orçamentárias distribuídas pelo Comitê Olímpico, ou seja, temos que ter resultados. Importante informar que os recursos disponibilizados pelo COB para as Confederações não são disponibilizados em sua totalidade. Em verdade, nós temos o crédito e não o numerário, e esse vai sendo liberado após apresentarmos o projeto específico para cada evento programado (constante em nosso calendário anual) e o projeto seguinte só é aprovado se não houver pendências nas prestações de contas da ação anteriormente realizada;
5. Desta forma vamos executando as nossas atividades planejadas/programadas e, tenha certeza, por parte da esgrima, com muito critério. Como informação, para desenvolvermos essas ações a Confederação Brasileira de Esgrima conta com o trabalho de seis funcionários contratados regularmente o que demanda obrigações trabalhistas e fiscais que comprometem mais de 30% do nosso já reduzido orçamento anual oriundo da Lei Agnelo/Piva.
6. Outra fonte de recursos recentemente conquistada pela CBE foi o patrocínio que recebemos da PETROBRAS, proveniente da Lei de Incentivo ao Esporte. Quanto a este patrocínio, mais uma vez a CBE esclarece que em nenhum momento recebe tais recursos em forma de numerário, mas sim como crédito disponibilizado. Assim, convocamos a nossa equipe permanente composta por atletas adultos e juvenis (os recursos só podem ser aplicados nesta equipe convocada), montamos o planejamento técnico de participação em competições e campings de treinamentos e, neste momento, prioritariamente com foco na classificação olímpica de Londres, a qual logrou êxito já que o Brasil classificou três atletas para esse grande evento.
7. Do exposto, e norteados pelas restrições e limitações orçamentárias, temos que dar prioridade para as competições que julgamos de maior relevância bem como temos que priorizar as convocações dos atletas que participarão de um determinado evento baseados, evidentemente, nos critérios previamente estabelecidos (ranking). E, como antes informado, tais critérios são amplamente discutidos com as Federações e Entidades Desportivas filiadas. Importante informar, também, que todas as nossas ações sempre são divulgadas com a devida antecedência, e quanto aos recursos que utilizamos, todas as nossas ações são auditadas, bem como o balanço financeiro anual de nossa entidade encontra-se disponibilizado em nosso site oficial;
8. Como curiosidade e com vistas aos JO Rio 2016, hoje a base de nossa equipe principal em relação à faixa etária gira em torno dos 25 anos, ou seja, a esgrima brasileira tem um elenco de desportistas de alto rendimento muito jovem. Assim, a nossa necessidade hoje é de dar a oportunidade para que estes jovens talentos adquiram muita experiência internacional. Ainda, quando priorizamos a equipe principal, não estamos descartando ou excluindo os atletas das categorias de base como os juvenis, já que muitos destes expoentes recebem suporte financeiro de seus Clubes.
9. Como exemplo, citamos os três esgrimistas que se classificaram, recentemente, para os JO de Londres, dois deles com idade de 27 anos e o outro com apenas 19 anos. Então, temos a necessidade atualmente de dar a estes expoentes a oportunidade de serem lapidados, e isto só ocorre quando eles têm a possibilidade de treinarem e competirem no Exterior, notadamente na Europa (base da esgrima mundial) e, a médio prazo, alcançarem níveis competitivos que lhes permitam sonhar com uma medalha olímpica.
10. Mesmo tendo que priorizar os recursos para uma parcela dos esgrimistas expoentes, procuramos incentivar a participação dos demais esgrimistas nas diversificadas competições internacionais, notadamente os juvenis.
11. Assim, através de um documento chamado termo de intenção de participação em competições internacionais os demais esgrimistas que não foram convocados para comporem uma equipe representativa em alguma competição internacional programada, encaminham o documento para a CBE e, ao encaminharem tal documento, afirmam tacitamente possuírem os recursos necessários, apoio técnico e uniformização para participarem da competição requerida.
12. Tomando o exemplo da carta que foi encaminhada, no último campeonato mundial realizado em Moscou – RUS, a CBE só dispunha de recursos para auxiliar nas despesas dos seis melhores esgrimistas juvenis de cada uma das modalidades.
13. Assim, convocamos oficialmente estes seis esgrimistas. Entretanto, o Brasil contou com a participação de 23 (vinte e três competidores). Estes demais esgrimistas encaminharam os seus respectivos termos de intenção, ratificando a intenção de participar da competição com recursos próprios (financeiro e técnico) e se responsabilizando inclusive quando a uniformização. Mesmo assim, ao contrário do que foi afirmado, custeamos e colocamos à disposição dos demais esgrimistas participantes o técnico/chefe de equipe que estava acompanhando os seis esgrimistas regularmente convocados.
14. Do exposto, a CBE sentiu a necessidade de dirigir-se ao prezado jornalista objetivando esclarecer que existem em todos os campos (esportivos, econômicos, políticos etc) irresponsabilidades administrativas e financeiras na gestão da coisa pública e que, com certeza, devem ser investigadas. Mas não podemos concordar que ao serem contrariados interesses de ordem pessoal, tal contrariedade seja disseminada de forma generalizada e leviana, objetivando atender interesses individuais e atingindo de forma pluralizada a moral de pessoas que hoje são responsáveis pela condução do esporte e, em particular, da esgrima brasileira.
15. Agradecemos a oportunidade de podermos contestar publicamente às afirmações de caráter pessoal constantes na missiva encaminhada pela senhora Érica Tavian Pereira Marques, já que algumas afirmações atingem moralmente toda a nossa equipe de trabalho. Tomamos a liberdade de anexar (abaixo) um outro documento recente (email) que a mesma família Marques nos encaminhou, na qual manifesta publicamente a sua opinião quando ao trabalho que atualmente temos desenvolvido junto a CBE:
“Boa tarde!
Gostaria de parabenizar a todos os envolvidos com a esgrima brasileira, aos técnicos, atletas e comissão pela conquista das vagas para Londres 2012. Vejo que a esgrima está num crescente e principalmente e que se faz, cada vez mais necessário, a valorização e o incentivo dos jovens atletas, pois eles são as promessas desse esporte.Confiança, credibilidade, incentivo, trabalho e organização…resulta com certeza em bons resultados! Parabéns a todos!!! Família Marques”
Atenciosamente,
GERLI DOS SANTOS
Presidente da Confederação Brasileira de Esgrima”