Judô: geração 2016 da equipe brasileira pede dinheiro para competir na Europa
José Cruz
Dois judocas gaúchos de 15 anos, Clóvis Airton Braga Jr (categoria – 90kg) e Ana Caroline Kizel Martins (-44kg) , classificaram-se na seletiva da Confederação Brasileira de Judô para treinar e competir na Romênia e Alemanha, que integram o circuito europeu, durante três semanas.
Mesmo com títulos nacionais, sul-americanos e pan-americanos conquistados em suas respectivas categorias – a dupla precisa realizar rifas, jantares e pedir doações nas ruas de Canoas – na Grande Porto Alegre – para viajarem.
Além da passagem, hospedagem e alimentação os judocas terão que comprar os quimonos. Custo total do investimento: R$ 17mil para os dois.
“Faltam só R$ 7 mil”, disse Sandro Guedes Nery, técnico dos garotos, que está na campanha junto com pais e amigos dos judocas.
A competição selecionou os quatro primeiros para treinar na Europa, mas só o campeão será financiado pela Confederação Brasileira de Judô.
Deprimente
As imagens de TV mostrando os judocas na rua, deprimentes para um país olímpico e retratando a realidade da gestão do nosso esporte, estão aqui
Potencial
Em 2016, quando a Olimpíada será no Rio de Janeiro, Clóvis e Ana Caroline estarão com 19 anos. Ou seja, são candidatos em potencial para disputar vaga na equipe nacional.
“Essa participação deles – Clóvis e Ana – no Circuito Europeu é importantíssima, pois no ano que vem teremos o campeonato mundial da categoria e eles precisam conhecer alguns de seus possíveis adversários”, explicou o técnico.
Realidade
Levantei algumas informações sobre a realidade financeira da Confederação Brasileira de Judô.
Além de recursos das loterias federais, seis empresas de grande porte investem na modalidade: Sadia, Infraero, Bradesco, Cielo, Scania e Mizuno.
O balanço de 2011 da CBJ ainda não está disponível. Em 2010 a entidade teve uma receita de R$ 16 milhões, contra R$ 13 milhões de 2009.
Pela Lei de Incentivo ao Esporte, a CBJ captou R$ 3,9 milhões em 2010 para o projeto “Preparação da Seleção de Base”.
Outros R$ 2,6 milhões foram repassados pelo Ministério do Esporte entre 2010 e 2011.
Essas incoerências são difíceis de entender. Enquanto o Ministério do Esporte aprova projeto de R$ 1 milhão para financiar piloto americano, judocas precisam pedir ajuda à população para juntar R$ 17 mil e tentar evoluir na Seleção Brasileira de Judô, modalidade que sempre frequenta o pódio dos grandes eventos internacionais.
É nas mãos de gestores públicos e privados desse nível que está o esporte brasileiro. E temos um Comitê Olímpico, confederações, federações, Conselho Nacional do Esporte, Conselho de Atletas e por aí vai…
Sinceramente, é de doer!
Para saber mais:
http://cbj.dominiotemporario.com/cbj/docs/DRE2010.jpg
http://www.canoasriobrancojudo.blogspot.com.br/