Corrupção: sanguessugas do Brasil
José Cruz
Ameaças, desvios de dinheiro público, assassinatos: a história secreta de como políticos e empresários corruptos roubam o povo brasileiro
Sem o estardalhaço de outros lançamentos do gênero – talvez porque o assunto tornou-se, lamentavelmente, rotina nacional – foi lançado mais um livro do repórter político-investigativo Lúcio Vaz.
“Sanguessugas do Brasil”, da Geração Editorial.
Li as 272 páginas em três horas corridas, numa noite de festas em Brasília, que ontem completou, 52 anos. A mesma cidade-capital, centro dos poderes da República, onde circulam engravatados ladrões que, com o aval do voto, conseguem, estranhamente, fugir das punições. Lúcio Vaz conta sobre isso em detalhes.
Tristeza e alegria
Faço o registro do lançamento do livro com um misto de tristeza e alegria.
Tristeza por observar que, apesar do desempenho da imprensa, o sistema político-jurídico joga a favor do corrupto e oferece aval à fraude.
Alegria porque, trabalhando à época na mesma redação de Lúcio — o Correio Braziliense — conheci o início dessa espetacular investigação que conta a história real da “máfia das ambulâncias” e sobre a “máfia dos remédios”. E, hoje, vejo o trabalho concluído, com Lúcio presente, o que é mais importante, pois ele e outros repórteres viajaram Brasil afora com ameaças constantes.
Pior: a Polícia Federal sabia que ele estava na mira dos bandidos, mas sequer comunicou ao repórter ou ao jorna para precauções.
No esporte
E, assim como nos remédios, ambulâncias, máquinas caça-níqueis, estradas e ferrovias, a corrupção estão presente, também, no esporte. As entidades que formam o nosso sistema esportivo, repito, são caixas-pretas que precisam de luz investigativa oficial, ativa e efetiva, urgente.
Não é mais possível o Estado continuar jogando milhões no esporte de rendimento sem contar com eficiente esquema de controle dos gastos.
E não adianta alegar que os balanços são publicados e as contas estão disponíveis. Bobagens. Os balanços são peças burocráticas para cumprir a legislação, mas escondem números e valores.
Fica o registro comparativo porque, em tese, estamos falando das mesmas coisas, dinheiro público e corrupção.
O programa Segundo Tempo é exemplo recente sob todos os aspectos, principalmente de omissão do então ministro do Esporte, Orlando Silva, na fiscalização.
E, interessante, não se fala mais em João Dias… Por que será que o homem que denunciou a fraude milionária envolvendo, inclusive, o ex-ministro Agnelo Queiroz, silenciou?