Romário, a estranha ausência da estrela
José Cruz
Romário, o deputado carioca do PSB que – com razão – critica frequentemente a falta de transparência nos gastos públicos para a Copa 2014, com repercussão internacional, inclusive, foi o principal ausente nos debates de quarta-feira, na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados.
Numa audiência pública, o ministro Valmir Campelo, do Tribunal de Contas da União, foi à Câmara para falar justamente sobre o que Romário critica: gastos e transparência.
Romário passou rápido pelo plenário da Comissão, assinou o livro de presença e se mandou. Isso é comum na Casa.
Logo ele, Romário, que há uma semana declarou que ''a Copa será a maior roubalheira do mundo''…
E disse mais, que dos 513 deputados, “400 não querem saber de nada. Nada mesmo”.
O “Baixinho” – com licença, excelência – perdeu a oportunidade de conhecer detalhes da fiscalização, aumentar conhecimentos sobre o assunto e esclarecer dúvidas. O ministro relator da Copa estava com documentos das auditorias realizadas desde 2007, com respostas a todas as indagações e disposto ao diálogo.
Danrley, ex-goleiro do Grêmio, também teve passagem meteórica pela Comissão. Saiu antes mesmo de começarem os debates.
Romário e Deley: bocas fechadas
Já o deputado Deley, ex-craque do Fluminense, não apareceu, assim como Popó, suplente da Comissão, mas presidente da Frente Parlamentar do Esporte, e, por isso, interessado direto no assunto.
Em resumo, Valmir Campelo falou para meia dúzia de deputados. Em pouco mais de uma hora a reunião estava encerrada. O diálogo com o Legislativo foi protocolar, só isso.
Realidade
O Congresso Nacional vive momento de “arrumação” e de entendimentos com o Palácio do Planalto para acertar bases aliadas. Em outras palavras estão ajustando o ''toma lá dá cá''. Ou o ''é dando que se recebe''.
Além disso, há articulações políticas para as eleições municipais deste ano, o que deixa os demais assuntos nacionais em segundo plano.
Mas no caso da Copa no Brasil estamos tratando, prioritariamente, de um assunto que consumirá R$ 33 bilhões dos cofres públicos.
E o TCU tem feito trabalho intenso e detalhado sobre as obras em andamento, a fim de evitar repetições do Pan 2007, conforme lembrou o ministro Campelo. Naquele evento, pagou-se por serviços não realizados, por material não entregue e o superfaturamento em muitas obras foi real.
Omissão
O que temos, por enquanto, é omissão das excelências. Não só pela enrolação no voto do Projeto Geral da Copa, mas pela falta de envolvimento efetivo nas questões que não são só esportivas, mas da economia nacional como um todo. E, principalmente, da oportunidade de se testar a real transparência dos gastos governamentais.
Silêncio parlamentar… logo deles, que são os representantes de quem, na verdade, está pagando esta conta bilionária, o contribuinte-eleitor.