Lei de Incentivo ao Esporte: bandeirada final
José Cruz
Estou há 24 horas sem receber mensagens sobre o assunto “Pietro Fittipaldi”, o piloto norte-americano, com cidadania brasileira, que captou R$ 1 milhão na Lei de Incentivo ao Esporte. Acredito que o assunto está encerrado. Ufa!
A maioria das 1.500 mensagens recebidas veio de leitores indignados com a notícia. Isso é bom, mas demonstra como o brasileiro não está acostumado a freqüentar as páginas de transparência do dinheiro público, pois essas informações estão lá.
Para encerrar o assunto, por enquanto, reforço o que escrevi, mas que alguns não entenderam e tentaram mudar o rumo do debate:
a) a aprovação do projeto e a captação dos recursos para o piloto Pietro foram dentro da lei de Incentivo ao Esporte. Tudo legal;
b) a questão que levantei é: diante das necessidades de esportes básicos do país, às vésperas de recebermos os Jogos Olímpicos e considerando o arrocho orçamentário imposto pelo governo federal a destinação de recurso público para o automobilismo internacional é prioridade?
c) que me desculpem os críticos, mas cubro o setor há 27 anos. Sei bem sobre o trabalho e sacrifício de um time de basquete cadeirante, por exemplo, sair de casa, enfrentar ônibus sem adaptação para treinar numa quadra esburacada, com tabelas caindo e sem iluminação; ou atletas treinando em pistas que são risco à integridade física; ou raias de piscinas usadas por até seis nadadores ao mesmo tempo. Ou escolas com dois mil alunos e nenhuma quadra para um jogo de bola.
d) e se isso ocorre é porque governo continua sem política para melhor aproveitar o custoso dinheiro público para o esporte, como já ocorria nas eras FHC, Itamar, Collor, Sarney …
e) aí está o debate central que nasce do episódio “Pietro Fittipaldi”: nove anos depois de o Ministério do Esporte ter sido criado continuamos sem rumo. Temos recursos, instituições e leis. Não temos orientação básica, trabalho integrado entre as entidades afins. Faltam prioridades, metas e planejamento.
f) finalmente: Enquanto não discutirem essas questões e fixarem rumos, continuaremos jogando muito dinheiro fora. E isso é assunto sério, que não se resolve na Conferência Nacional do Esporte, um convescote partidário para justificar democracia nos debates do setor. Por sinal, conferências pagas também com o nosso dinheiro.
Atualizado às 9h30 do dia 15.
Atendendo ao pedido de um leitor atualizo o blog com a seguinte informação:
As empresas que contribuíram com o Instituto Emerson Fittipaldi para o programa de formação do piloto Pietro Fittipaldi na F-Nascar foram:
Cimento Planalto S/A – R$ 150.000,00;
Cosan Operadora Portuária S/A R$ 140.200,00;
Docelar Alimentos e Bebidas S/A R$ 67.000,00;
Nestlé Nord. Alimentos e Bebidas Ltda R$ 500.000,00;
Polimport Comércio e Exportação Ltda R$ 40.000,00;
Radar Propriedades Agrícolas S/A R$ 24.000,00;
Soc. Assessoria Técnica e Adm S/A R$ 50.003,00
Fonte: Ministério do Esporte