Copa 2014: TCU anuncia atrasos desde 2010…
José Cruz
Dois anos antes de o Brasil ser ameaçado de tomar um chute no traseiro, o Tribunal de Contas da União (TCU) alertou que o atraso em várias frentes para a Copa era uma realidade assustadora. Planejamento frágil e falta de cumprimento de prazos, principalmente.
Relatórios de 2010 do ministro Valmir Campelo, que é o relator do Tribunal para o Assunto Copa, identificaram “falhas nas ações gerenciais do Ministério do Esporte” – onde está o Comitê Gestor da Copa. O mais recente documento do gênero, de janeiro, volta ao assunto.
Matriz de responsabilidade
Um dos documentos básicos de acompanhamento é a matriz de responsabilidades, constituída de três ciclos.
Cada ciclo tem uma matriz de responsabilidade, onde estão definidos os compromissos de cada parceiro: União, Estados e Municípios, assim como os valores a serem investidos e a origem do dinheiro.
Desses três, apenas o primeiro ciclo está concluído e em execução. É o ciclo que trata dos estádios, mobilidade urbana, portos e aeroportos.
Os outros dois ciclos ainda não têm matriz de responsabilidade e os prazos de apresentação das mesmas se esgotaram, segundo o TCU.
“… essa situação põe em xeque o necessário dimensionamento das medidas ainda faltantes para a viabilização da Copa”, diz um relatório do Tribunal, de 2011.
A matriz de responsabilidade do Segundo Ciclo, por exemplo, deveria ter sido concluído em 2011. No entanto, está “em discussão”
“Em razão disso, o TCU determinou ainda ao Ministério do Esporte que encaminhasse, até 30/7/2011 – ainda quando Orlando Silva era ministro –, relação contendo a descrição das ações do segundo ciclo de planejamento do mundial, com a especificação das etapas, valores e responsáveis e os respectivos cronogramas das ações.”
A determinação ainda não foi cumprida, conforme nos revela o portal do Ministério do Esporte
Ciclos de planejamento para a Copa
1º CICLO
Projetos de infraestrutura – 2009-2010
Definição de projetos na Matriz de Responsabilidades:
12 estádios
50 em mobilidade urbana
25 em 13 aeroportos
7 em portos
2º CICLO – Em discussão
Projetos de infraestrutura de suportes e serviços – 2010-2011
Segurança
Infraestrutura turística
Telecomunicações e TI
Energia
Saúde
Sustentabilidade ambiental
Promoção e comunicação do País
3º CICLO – a serem discutidos
Operação e ações específicas – 2011-2013
Malha aérea, operação aeroportuária e portuária
Transporte e mobilidade urbana
Fornecimento de energia
Saúde, prevenção e pronto-socorro
Estruturas temporárias para a Copa
Enfim…
Diante disso, a Fifa protestou veemente através de Jèrome Valcke.
O cartola mal-educado tem razão em cobrar eficiência no trabalho que se arrasta e assusta pela morosidade. Mas não da forma como se manifestou.
Há formas na diplomacia entre nações – mesmo que rígidas – para exigir o cumprimento de compromissos em parcerias, como essa entre o Brasil e a Fifa.