Copa 2014: desmandos, omissão e deboche
José Cruz
Do deputado Romário à revista Veja:
“O nosso atraso é um absurdo mesmo. A Copa até vai sair do papel, mas vão erguer uns puxadinhos aqui, fazer umas maquiagens ali. Tudo mais caro do que deveria por causa da pressa… Vai chover obra sem licitação e a corrupção vai correr solta”.
Mais adiante:
“Dos mais de 500 deputados, uns 400 não querem saber de nada. Mas nada mesmo!”
Atenção, caro Leitor:
As manifestações não são do seu Zé, vendedor de pamonhas, ali na esquina. São do deputado Romário, que faz gravíssimas acusações à falta de ética parlamentar – onde ele atua – e que a corrupção é real, sem que o Congresso Nacional se interesse pelo assunto. As “excelências” não estão nem aí.
Novidades nessas declarações? Nenhuma.
O importante, isso sim, é que elas vêm de uma autoridade do Legislativo. São denúncias graves ao governo em geral e algo como uma prestação de contas ao eleitor do que vê e disso não compactua. Ato raríssimo entre políticos.
TCU
As palavras de Romário se confirmam nos relatórios do Tribunal de Contas da União sobre os preparativos para a Copa 2014.
Lá estão vários alertas de “sobrepreço”, ou seja, superfaturamento, e o risco de termos “elefantes brancos” em Manaus, Natal, Cuiabá e Distrito Federal.
Assim, são poderes da República – Romário, no Legislativo, e o TCU como órgão de fiscalização dos gastos públicos – que alertam:
“Vão nos roubar!”; “O assalto é real!”.
Em outras palavras, o recado é exatamente assim.
Concreto
Exemplo concreto – além dos alicerces que dão lhe dão sustentação é o novo estádio Mané Garrincha, em Brasília, sobre o qual não me canso de citar.
O TCU escreveu que teremos uma obra inútil depois da Copa, pois serão 72 mil lugares para nada!
Ainda ontem publiquei que a média de público no Campeonato Brasiliense é de míseros 660 torcedores!!! É menos de 1% da capacidade do gigante onde Agnelo enterra dinheiro público.
Quem está ganhando o quê nessa obra que passará de R$ 1 bilhão?
E o que diz o Ministério Público do Distrito Federal sobre o assunto? Nada! Silêncio total! Estranho, muito estranho!
Quem tomou a providência de chamar o abusado governador e lhe determinar mudanças de rumo no projeto? O Palácio do Planalto, que sustenta o Distrito Federal com recursos para educação, saúde e segurança? Nem pensar!
E de quem se esperava uma reação enérgica, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, dele vieram ironias à expressão “elefante branco”.
Portanto, o contribuinte-eleitor está entregue aos desmandos do gestor público, à omissão parlamentar e ao deboche do ministro.
Que tal?