Cerveja, soberania e o pileque das excelências
José Cruz
As excelências parlamentares debatem desde o ano passado sobre a venda de cervejas em estádios de futebol.
Sem acertar o passo, como de costume, a votação da Lei Geral da Copa, na Câmara dos Deputados, ficou para a semana que vem. O projeto ainda vai ao Senado Federal.
Porém, diante de tantos desencontros, deputados e governo têm um acordo:
''Os Estados que decidam'' sobre vender ou não cervejas nos jogos da Copa 2014.
Levaram oito meses discutindo para, enfim, transferirem a responsabilidade da decisão aos estados-sedes da Copa.
Enquanto isso…
O Ato Olímpico para os Jogos Rio 2016 – que corresponde à Lei Geral da Copa – está em vigor desde 2009.
Foi aprovado sem qualquer barulho do Legislativo ou movimento popular, como os registrados agora, na tramitação da Lei Geral da Copa.
E no Ato Olímpico tem um artigo de arrepiar: o que transfere para a União (ou seja, para nós, contribuintes) o pagamento de eventuais prejuízos da Olimpíada Rio 2016.
Diz assim:
Art. 15. – Fica autorizada a destinação de recursos para cobrir eventuais déficits operacionais do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, a partir da data de sua criação, desde que atenda às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e esteja prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.
Da mesma forma que a Lei Geral da Copa coloca a União como responsável por possíveis danos que a Fifa sofra no Brasil.
E ninguém gritou contra isso. Nenhum barulho, mobilização popular, votações adiadas, ameaças, nada!
Parece que a indignação à invasão ou agressão à nossa soberania concentra-se numa garrafa – ou lata – de cerveja…
Sinceramente, essa turma só pode estar de pileque.