Afinal, de quem é a Copa?
José Cruz
Por Pedro Athayde
Ontem, li uma matéria no jornal na qual o senhor Julio Grondona, vice-presidente Executivo da FIFA e a mais de 32 anos à frente da Associação de Futebol da Argentina, alertava as autoridades brasileiras de que a Copa do Mundo é da FIFA e não do Brasil. O país, através da concessão da toda poderosa FIFA, ganhou apenas o direito de sediar o evento.
Diante dessas palavras me pus a pensar: Mas, afinal, de quem é a Copa? Ingenuamente, pensei que o correto seria que a Copa pertencesse às seleções, seus jogadores, os torcedores, sobretudo aqueles do país onde ocorrerá o evento. Triste ilusão! Ingenuidade e correção são palavras que não constam no vocabulário e no cotidiano dos arcaicos e vorazes dirigentes da FIFA.
As discussões recentes sobre os preparativos para Copa envolvendo Governo Federal, CBF e FIFA reforçam as afirmações de Don Julio. Recentemente aprovado pela Câmara dos Deputados, o texto da Lei Geral da Copa, que vai ao Senado e poderá sofrer algumas alterações, deixa claro a supremacia dos interesses da FIFA nas decisões sobre a organização da Copa de 2014 no Brasil.
Então, poderíamos concluir que minha inquietação foi solucionada pelas próprias palavras do senhor Grondona? Creio que não! As palavras de Don Julio não evidenciam que os verdadeiros proprietários da Copa são os patrocinadores e parceiros comerciais da FIFA.
Para atender a sede por lucros exorbitantes e pela reserva de mercado de um seleto grupo de corporações, a FIFA tensionou e pressionou os parlamentares brasileiros para votarem a Lei Geral da Copa, argumentando que a aprovação deste documento estava bastante atrasada. Grosso modo, o texto atribui plenos poderes à FIFA e responsabiliza a União por possíveis falhas ou prejuízos.
E quanto aos torcedores brasileiros? Torcedores? Para a CBF e a FIFA essa é uma espécie em extinção, uma vez que para eles só existem consumidores. Aqueles com capacidade de pagar os altos preços dos ingressos e serviços prestados são bem vindos, aos demais resta a remota possibilidade de quem sejam agraciados com as “bondosas” cotas.
Pedro Athayde é estudante de doutorado do programa de Pós-Graduação em Política Social da UnB