Copa 2014: o fato real e o abuso oficial
José Cruz
Assim se manifestou o ministro Valmir Campelo, do Tribunal de Contas da União, em recente relatório sobre controle dos gastos da Copa 2014:
“Algumas sedes correm o risco de ter estádios que serão “elefantes brancos” após a Copa. Em quatro cidades-sede, observou-se que o risco da rentabilidade gerada pela arena de não cobrir seus custos de manutenção era grande: Natal, Manaus, Cuiabá e Brasília.” (Pág 15 do relatório de janeiro do TCU)
Enquanto isso…
Na segunda-feira de Carnaval, o Hospital da Ceilândia, cidade de 500 mil habitantes, a 30km de Brasília, tinha apenas um médico de plantão;
Até ontem, 700 crianças estavam sem aula na Escola Classe nº 7, também na Ceilândia. Faltavam cadeiras e mesas nas salas de aula;
Nos principais hospitais da cidade, pequenas cirurgias não são realizadas; faltam materiais elementares, como luvas para os médicos, fios para suturas etc.
No entorno da Capital da República, o descaso com a educação é crônico. Precariedade total que deixa milhares de crianças sem aulas, revela uma reportagem do Correio Braziliense.
Mas…
É nessa região em que se situa o Distrito Federal, de precariedades sociais evidentes, que o governador Agnelo Queiroz constrói um estádio de futebol para 75 mil pessoas , com custo de mais de R$ 1 bilhão.
Volto ao assunto para que não caia no esquecimento do público, pois há uma agressão ao orçamento e, por extensão, ao contribuinte.
Um estádio bilionário, numa cidade em que os clubes de futebol são suspeitos de lavagem de dinheiro, como investiga um volumoso processo no Ministério Público.
Mais: a Federação Brasiliense de Futebol está há um ano sob intervenção, determinou a Justiça: suspeitas de falcatruas com dinheiro público na gestão anterior;
Em Brasília, nenhum clube disputa a Série A do Campeonato Brasileiro. Nem na Série B há representantes, tal o amadorismo do futebol que aqui se pratica.
Mas teremos estádio para 75 mil torcedores… E não há Ministério Público que questione o abuso de poder e a irresponsabilidade do governador que lidera esse desmando com o dinheiro que não lhe pertence.