CBF e seus negócios em família
José Cruz
Pego carona no comentário de Juca Kfouri sobre a demissão de Marco Antônio Teixeira, tio de Ricardo Teixeira, da secretaria geral da CBF. E voltei a um dos meus livros de cabeceira – que horror! – o relatório da CPI da CPI da CBF Nike. De cabeceira porque, neste Brasil de desmandos diários com o dinheiro do esporte, esse documento é preciosidade histórica para consultas, mesmo na madrugada, como a que fiz e aqui apresento o resultado.
As informações, mesmo de 10 anos atrás, dão o perfil da “seriedade” do órgão que tem sob seus cuidados um patrimônio esportivo-cultural chamado “Seleção Brasileira”. Vamos lá.
Página 30 do relatório – assinado pelo então presidente da CPI, o hoje ministro do Esporte, Aldo Rebelo e pelo ex-deputado Silvio Torres, então na relatoria – diz o seguinte:
“A CPI consultou os balanços analíticos da CBF de 1995 a 2000. Dessa investigação conclui-se: a CBF vem sendo administrada de forma propositalmente caótica. Em que pese a arrecadação anual da entidade ter quadruplicado no período devido ao patrocínio empresarial, sua despesas mais que quadruplicaram e a CBF chegou a final de 2000 com um passivo circulante de R$ 55 milhões. Técnicos do Conselho Federal de Contabilidade avaliamos que, se fosse uma empresa, a CBF estaria insolvente no final do exercício de 2000.”
Reproduzi esta conclusão da CPI para explicar, com fatos reais, o que escrevi ontem: “Quanto mais desordem na gestão do dinheiro público do esporte melhor. “Algo do tipo, o dia que organizar estraga…”
É oportuno lembrar que o Relatório da CPI da CBF Nike foi feita com base em documentos oficiais, pois houve quebra de sigilos fiscais e bancário da entidade.
Remuneração
“A remuneração da diretoria da CBF, que passou a ser paga a partir de 1998, deu saltos espetaculares. Ricardo Teixeira recebeu R$ 126 mil em 1998 e R$ 418 mil em 2000 … “
“Mais notável é a situação de seu tio – de Ricardo Teixeira – Marco Antônio Teixeira, secretário geral da entidade, que recebeu R$ 387 mil em 1998 e R$ 507 mil em 2000. Com vínculo empregatício estabelecido a partir de julho de 1999, o salário mensal de Marco Antônio é de R$ 37 mil” – isso em 2000!
Conforme tabela publicada no relatório da CPI, os ganhos de Marco Antônio Teixeira em 2000 foram de R$507 mil,no cargo de secretário geral. Isto é, superior ao recebido por Ricardo Teixeira, presidente, R$ 418,3 mil.
Ou seja, o sobrinho valorizou o trabalho do tio e, agora, o demite. Por justa causa ou não, imagine o valor da rescisão!