Blog do José Cruz

Sobre demolidores e picaretas

José Cruz

Enquanto no restante do país os clubes se prepararam para os campeonatos regionais, em Brasília ainda não há data prevista para o início da competição.
Pior: a Federação Brasiliense de Futebol está sob intervenção. Deve prestações de contas de dinheiro público que recebeu de governos passados.
O ''rolo'' é enorme, vem do tempo do ex-governador Joaquim Roriz, e não há previsão para soluções imediatas.
No entanto, é nesta cidade de futebol pobre e inexpressivo que se constrói estádio para 75 mil pessoas.
O governo insiste em dizer que é uma ''reforma''. Mentira.
O antigo Mané Garrincha foi demolido – aliás, tentaram implodir, mas a obra resistiu e foi derrubada na base da picareta. E como Brasília é farta em ''picaretas'', o governo de Agnelo Queiroz conseguiu demolir rapidamente o resistente concreto.

Barbaridades
Tecla batida essa de estádios de futebol para a Copa 2014. Mas não se pode silenciar,  pois é um desperdício de dinheiro público só comparado ‘as barbaridades dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, cujas instalações ficaram quatro anos sem serventia.
Exemplos

O primeiro estádio que Brasília foi o “Pelezão”, homenagem ao Rei Pelé, inaugurado em1965.  A área foi doada à Federação de Futebol, isto é, o terreno era público, para ali construir um belo campo de futebol, 25 mil lugares.

Certo dia, os cartolas locais decidiram vender o Pelezão para um grupo de empreiteiros – devoradores do cerrado – liderados pelo ex-vice-governador Paulo Octávio.

E lá se foi o Pelezão, numa negociata feita às escuras. E o dinheiro arrecadado não se sabe o destino. Há suspeitas de que serviu para enriquecer o bolso de quem dirigia o futebol local naquela época. Um trambique daqueles!

Hoje, no local do histórico estádio Pelezão constroem um valorizadíssimo condomínio, onde um apartamento de dois quatros custa em torno de R$ 1,2 milhão.

Como se observa, a jovem Brasília idealizada por JK, reconhecida como patrimônio Mundial, está entregue aos demolidores que, na emergência, apelam para picaretas.

Sugestão

Que o novo estádio Mané Garricha, em construção, tenha redobrada a estrutura de concreto, para resistir picaretas do futuro. Afinal, sabe lá o que vai passar pela cabeça dos cartolas ou dos governadores que virão…