O basquete pelas tabelas
José Cruz
Com bom dinheiro em caixa – patrocínio de R$ 11 milhões da Eletrobras, R$ 2 milhões em convênios com o Ministério do Esporte e R$ 2,9 milhões da Lei de Incentivo – e as seleções masculina e feminina classificadas para os Jogos Olímpicos de Londres, nem assim o basquete brasileiro se fortalece na sua estrutura, capaz de transmitir segurança de uma instituição sólida e confiável, que dirige esporte tão dinâmico quanto apaixonante.
Desportistas que acompanham o assunto de perto têm pesquisas que colocam o ex-presidente Gerasime Bozikis, o Grego, na liderança de uma possível disputa para voltar à Confederação Brasileira de Basquete.
Grego e Carlinhos: ''Segura aí que daqui a pouco eu retorno…''
Em 2009, Carlinhos venceu a eleição sobre Grego justamente com o discurso de mudar o relacionamento com as federações, tornando-as parceiras próximas e atuantes, o que não ocorreu. E o interessante é que Grego também chegou à CBB com o mesmo discurso… Vai entender!
Para tentar se reaproximar dos eleitores – 11 abstiveram-se de votar, em 2009 – Carlinhos volta-se às federações. Quer promover “clínicas” no Maranhão, por exemplo, como se isso fosse o suficiente para motivar a descrente direção daquele estado.
Por ter sido um dos que não votou em Carlinhos, o presidente da Federação de Basquete do Maranhão, Manoel Castro, sofre retaliações. Mas não esconde a mágoa e manda o recado:
“Volto a dizer que não faço troca de votos ou de apoios, pois a obrigação dos dirigentes é cumprir com os compromissos do estatuto”, afirmou ele, indignado, em correspondência à CBB.
Mais: “Faço basquete com amor e responsabilidade, mas o Maranhão não vive de migalhas”, reforçou. E bateu o martelo: “Não vou me curvar diante de qualquer pessoa”.
É nesse tom que outros dirigentes dialogam com a Confederação de Basquete, o que, convenhamos, diminui a autoridade de Carlinhos. A maioria, a exemplo de Manoel Castro, cobra clareza na gestão dos recursos públicos da CBB, que tem entre seus dirigentes expressões nacionais do nível da ex-rainha Hortência e José Carlos Brunoro, uma autoridade do marketing esportivo.
Isso, porém, não ameniza a indignação de Manoel Castro. Ele cobra:
“Onde está a demonstração de despesas que nos garantiram apresentar, como consta em ata da assembléia?”.
A bronca faz sentido e é até vergonhoso que já no século 21 ainda se tenha administrações com gestões financeiras duvidosas.
Afinal, a confederação é a síntese das federações. É em nome delas que o presidente é eleito e, como tal, é para elas que deve se voltar a gestão, prioritariamente.
Porém, como ocorre em outras instituições do gênero, uma vez no cargo o cartola se esquece do eleitor, encerra o diálogo, não honra os compromissos assumidos. Pior: ignora que é o gestor de dinheiro público e não só aos presidentes de federações deve explicações, mas ao contribuinte em geral, pois é esse que financia o esporte de alto rendimento no país. Portanto, prestar contas é obrigação moral, antes de uma exigência estatutária.